Guerra na Ucrânia: Trump e Zelensky dizem que estão perto da paz, mas ainda há impasses pra um acordo Num sinal de que persistem os obstáculos para que a paz seja alcançada entre Ucrânia e Rússia, Volodymyr Zelensky entrou e saiu da reunião com Donald Trump, no domingo, com o mesmo percentual: 90% dos termos do plano de 20 pontos estão acordados. Se, por um lado, não houve avanços concretos no encontro de quase três horas em Mar-a-Lago, na Flórida, por outro, não houve retrocessos. Os dois presidentes tentaram passar otimismo, mas a sombra dos 10% restantes —- ou as “questões espinhosas”, como definiu Trump — insistia em permear o impasse. São temas cruciais, que abarcam basicamente a incerteza sobre as concessões territoriais na região de Donbass, no Leste da Ucrânia, e o destino da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupadas pela Rússia. As negociações transcorrem sem cessar-fogo à vista e com as linhas de frente abertas, mediante recentes e intensos ataques da Rússia. O presidente americano indicou que seria melhor que a Ucrânia cedesse território antes que a Rússia prossiga com novas invasões. Zelensky se mostrou disposto a transformar os territórios ocupados em uma zona desmilitarizada com um regime econômico especial. Mas insistiu que a última palavra sobre a questão caberá aos ucranianos, por meio de um referendo, mas somente após um cessar-fogo. “Vocês conhecem nossa posição.Temos que respeitar nossa lei e nosso povo. Respeitamos o território que controlamos.” A realização de um referendo testaria, sem dúvida, a liderança de Zelensky. Se fosse rechaçado pela população, representaria uma rejeição à sua gestão e uma possível renúncia do presidente, mais uma vantagem que seria aproveitada por Putin. No que se refere ao referendo, há ainda outro obstáculo: a Rússia recusa uma trégua, sob o argumento de que os ataques só serão interrompidos quando houver um acordo definitivo. Ou seja, o ciclo de impasses persiste. O encontro entre Trump e Zelensky obedeceu ao mesmo roteiro dos anteriores: o presidente americano conversou antes com o homólogo russo. Isso explica a cautela e as reticências de ambos na entrevista coletiva, que saíram sem detalhar um cronograma claro para as próximas etapas. Trump deu algumas semanas para as negociações progredirem, mas deixou escapar que “podem dar errado”. Disse acreditar que Rússia e Ucrânia estão “mais perto do que nunca” de um acordo. Mas, a contar pelas evasivas, de concreto, há poucos avanços tangíveis.