'Forças da natureza' ou 'Revolta das máquinas'? Em vídeo feito com IA, China transforma animais em armas em ameaça de guerra a Taiwan

Uma águia que mira uma ilha com olhar biônico — e que se transforma em um drone. Um tubarão-branco ganha forma de um submarino. Um lobo que se converte em um drone terrestre se junta a uma alcateia mecanizada, e segue correndo por uma floresta. A série de imagens fantasiosas geradas por IA (veja abaixo), foram divulgadas nesta segunda-feira pelo Comando do Teatro Oriental do Exército Popular de Libertação da China. Intitulada como "Operações conjuntas para frustrar tentativas de 'independência de Taiwan'", a peça de propaganda foi publicada pouco após o início das extensas manobras militares nos arredores da ilha — apontada por autoridades chinesas como um "alerta" a forças independentistas e estrangeiras na região. Crise diplomática: EUA e Japão realizam voos militares conjuntos após patrulhas chinesas e russas Perspectivas 2026: No vácuo de Trump, Pequim busca ocupar espaço aberto por decisões imprevisíveis do presidente americano O vídeo tem pouco mais de um minuto. Ao longo da exibição, diversos animais — incluindo peixes e abelhas — ganham forma de equipamentos militares de última geração, que se lançam em direção à ilha. Robôs humanoides e diversos outros equipamentos se multiplicam, e então disparam, passando uma imagem de força. Em vídeo de IA, Ministério da Defesa da China transforma animais em equipamentos militares Em uma análise publicada pouco depois da divulgação do vídeo, o Global Times — jornal chinês com fortes laços estatais — afirmou que o vídeo tinha por objetivo demonstrar as capacidades de Pequim de combater uma guerra automatizada, sem a presença de soldados no front, com uso de veículos de guerra não-tripulados. "Este vídeo produzido por IA apresenta um logotipo notável que não apenas denota a propriedade dos sistemas não tripulados, mas também sinaliza o lançamento formal da iniciativa de guerra não tripulada do ELP [Exército de Libertação Popular]. O vídeo entusiasmou os aficcionados militares", diz o texto do Global Times. Initial plugin text A publicação chinesa ainda discute em detalhes cada um dos elementos que aparecem no vídeo. A águia que se transforma em um enxame de drones, afirma, demonstra "capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento do ELP em todas as condições climáticas", enquanto o "enxame de tubarões", que se transformam em veículos subaquáticos não tripulados (UUVs), seria uma representação das "capacidades de guerra antissubmarino e reconhecimento subaquático de baixo custo, alta eficiência e furtividade". "Isso marca a evolução do ELP em conceitos e doutrinas operacionais, enfatizaram analistas. Operações integradas no ar, terra, mar e espaço, aliadas a capacidades coordenadas de sistemas tripulados e não tripulados, permitem ataques devastadores que não deixam aos adversários meios de fuga ou ocultação", diz o texto do Global Times. "Os analistas acrescentaram que o uso de IA pelo Comando do Teatro Oriental para demonstrar conceitos de guerra não-tripulada serve como uma forte resposta às tentativas das forças separatistas pró-independência de Taiwan de armar a ilha com fundos públicos desperdiçados. Tal 'estratégia de porco-espinho' não tem chance contra as crescentes e inovadoras capacidades de combate do ELP". A China, que reivindica Taiwan como parte integral de seu território, lançou exercícios militares com uso de munição real no entorno da ilha nesta segunda-feira, em meio à uma crescente tensão com EUA e Japão, que são apoiadores históricos das forças pró-democracia em Taipé. Exército, Marinha, Força Aérea e Unidades de Mísseis chinesas participam das manobras, apontadas por autoridades do país como advertências a "forças separatistas pela independência de Taiwan" e uma ação "legítima e necessária para salvaguardar a soberania e a unidade nacional". A televisão estatal chinesa CCTV informou que um tema central nos exercícios em andamento em volta de Taiwan é o "bloqueio" de portos taiwaneses, incluindo Keelung, no norte, e Kaohsiung, no sul. As manobras, chamadas de "Missão Justiça 2025", envolvem contratorpedeiros, fragatas, soldados, bombardeiros e drones, segundo um comunicado emitido pelas Forças Armadas da China. Autoridades de Taiwan afirmaram que algumas zonas ficam a menos de 12 milhas náuticas (cerca de 22 km) de sua costa e afetam rotas internacionais de transporte marítimo e aéreo. A principal porta-voz da Presidência de Taiwan, Karen Kuo, condenou as manobras, que chamou de "intimidação militar", enquanto o Ministério da Defesa do país anunciou ter detectado 89 aeronaves militares chinesas e 28 navios de guerra e embarcações da guarda costeira nesta segunda-feira — o que configuraria o maior número de aeronaves chinesas detectadas em um único dia desde 15 de outubro de 2014. (Com AFP)