Conferência Nacional dos Bispos critica atuação do Congresso em 2025: 'aumento da corrupção e perda de decoro'

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou uma "mensagem de ano novo", nesta segunda-feira, em que questiona a atuação do Congresso Nacional em 2025. Dentre as situações que "entristecem e preocupam", a entidade criticou a atuação dos parlamentares para a aprovação da tese do Marco Temporal no Senado — posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — e as "ameaças à proteção ambiental" com as mudanças na Lei Geral do Licenciamento, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com vetos que depois foram derrubados no Congresso. Leia: Flávio Bolsonaro participa de culto da Lagoinha e recebe oração de André Valadão para se 'reconciliar com Deus' Veja também: Polícia do Paraguai encontra tornozeleira de Silvinei Vasques em rodoviária de Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil Como exemplos negativos, a CNBB também mencionou o "pagamento exorbitante" de juros e amortizações da dívida "que deixa o país sem capacidade de maior investimento em educação, saúde, moradia e segurança". Ainda segundo a entidade, também houve, em 2025, o "aumento da corrupção na vida pública, a perda de decoro de parlamentares e a flexibilização de marcos legais essenciais, como a Lei da Ficha Limpa". "Discursos de ódio, manipulação da verdade, violências, radicalismos ideológicos e interesses particulares não podem se sobrepor ao bem comum. Tais realidades ferem a dignidade humana e obscurecem a vocação democrática do país", diz outro trecho do comunicado. Conforme a Conferência, nenhum projeto político pode "se sobrepor à vida, ao respeito à pessoa humana e à justiça social", sendo a democracia um "patrimônio do povo brasileiro" que "precisa de cuidado e promoção". "Como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, somos chamados a ser testemunhas credíveis e exemplares, artesãos da paz, construtores de pontes, promotores da caridade política e da responsabilidade social. A nação precisa reencontrar o caminho da pacificação, do diálogo e do respeito mútuo", ressalta a entidade. 'Agradecemos a Deus pelo SUS' Por outro lado, a CNBB também citou situações que os "fazem felizes" e "renovam as esperanças". No campo econômico, a organização afirmou ter se alegrado com a retirada de parte das sanções impostas pelos Estados Unidos aos produtos de exportação do Brasil, além da queda da taxa de desemprego, a busca pela redução da jornada de trabalho e a "taxação proporcional à riqueza". "Orgulhamo-nos da realização da COP-30, em Belém do Pará, e também nos enleva o fato de o Brasil consolidar sua liderança em energias renováveis. A Igreja se fez presente, não como protagonista político, mas desejosa de contribuir para a construção de caminhos comuns diante da crise climática", destacou a instituição. Já no âmbito da saúde, a Conferência também ressaltou estar feliz com o aumento da taxa média de médicos pelo número de habitantes: "agradecemos a Deus pelo Sistema Único de Saúde (SUS)". A nota é assinada pelo presidente da CNBB, Dom Jaime Cardeal Spengler, Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre; Dom João Justino de Medeiros Silva, 1 º Vice-Presidente da CNBB e Arcebispo da Arquidiocese de Goiânia; Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife e 2° Vice-Presidente da CNBB; e Dom Ricardo Hoepers, Secretário-Geral da CNBB e Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília.