O funeral de Brigitte Bardot acontecerá no dia 7 de janeiro de 2026 na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Saint-Tropez, anunciou sua fundação nesta segunda-feira (29), enquanto a França debate como homenagear a lenda do cinema que, em seus últimos anos, adotou posições próximas à extrema direita. A diva da sétima arte morreu no domingo (27), aos 91 anos, em sua casa na pequena cidade portuária mediterrânea, onde vivia há décadas. O funeral será seguido de um sepultamento privado e confidencial, informou a Fundação Brigitte Bardot à AFP nesta segunda-feira. A cerimônia religiosa será transmitida em telões instalados no porto e na praça central de Saint-Tropez. Após o sepultamento, está prevista uma homenagem aberta a todos os moradores da cidade e admiradores da atriz. Bardot ficou famosa em 1956 com o filme "E Deus criou a mulher", participou de quase 50 produções e virou símbolo sexual e ícone de estilo. Porém, deixou o cinema em 1973 para se dedicar à defesa dos direitos dos animais. Desde então, seus vínculos com a extrema direita despertaram polêmica. Foi condenada cinco vezes por discurso de ódio contra muçulmanos, mas também contra os habitantes da ilha francesa de Reunião, a quem descreveu como "selvagens". Bardot morreu antes do amanhecer de domingo, com o seu quarto marido, Bernard d'Ormale — ex-assessor da extrema direita — ao seu lado. "Sussurrou uma palavra de amor a ele (...) e partiu", declarou Bruno Jacquelin, representante da sua fundação de proteção aos animais, ao canal de televisão BFM. "Cinismo" O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou a atriz como uma "lenda" do cinema do século XX que "encarnou uma vida de liberdade". Figuras da extrema direita estiveram entre as primeiras a lamentar sua morte. Marine Le Pen, cujo partido Reagrupamento Nacional (RN) lidera as pesquisas de intenção de voto, a chamou de "incrivelmente francesa: livre, indomável, íntegra". Bardot apoiou Le Pen nas eleições presidenciais de 2012 e 2017 e a descreveu como uma "Joana d’Arc" moderna, de quem esperava que pudesse "salvar" a França. Por outro lado, poucos políticos de esquerda se pronunciaram sobre a morte de Bardot. "Brigitte Bardot foi uma figura de destaque, um símbolo de liberdade, rebeldia e paixão", declarou à rádio Europe 1 o deputado do Partido Socialista Philippe Brun, sem mencionar suas controversas opiniões políticas. A deputada ecologista Sandrine Rousseau foi mais crítica. "Comover-se com o destino dos golfinhos, mas permanecer indiferente à morte de migrantes no Mediterrâneo... que nível de cinismo é esse?", ironizou na rede social BlueSky. O The New York Times, em uma reportagem intitulada "Do sex appeal à extrema direita", considera que, longe de ser "uma figura de consenso", Bardot foi uma das primeiras estrelas polêmicas da era moderna. Alguns, como o deputado de extrema direita Éric Ciotti, pedem uma homenagem nacional, como a organizada em 2017 para a lenda do rock francês Johnny Hallyday. Enterro em Saint-Tropez Bardot disse que queria ser enterrada em seu jardim com uma simples cruz de madeira, assim como seus animais, e que queria evitar "uma multidão de idiotas" no funeral. Nascida em 28 de setembro de 1934 em Paris, Bardot cresceu em uma família católica tradicional e abastada. Casou-se quatro vezes e teve um filho, Nicolas-Jacques Charrier, com seu segundo marido, o ator Jacques Charrier. Após deixar o cinema, Bardot refugiou-se em sua casa em Saint-Tropez para se dedicar à defesa dos direitos dos animais. "Sou muito orgulhosa do primeiro capítulo da minha vida", declarou à AFP em 2024, antes de completar 90 anos. "Ganhei fama, e essa fama me permite proteger os animais, a única causa que realmente me importa".