O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou nesta segunda-feira que a operação de reestruturação dos Correios tem sido “muito bem-sucedida” e que a próxima etapa envolverá acompanhamento contínuo para assegurar o avanço do processo e a recuperação da sustentabilidade da estatal. — Acho que foi uma operação muito bem-sucedida nesse primeiro estágio. Agora, a ideia é acompanhar bem de perto e garantir que a empresa possa fazer esse processo de estruturação e recuperar a sua sustentabilidade econômica e financeira — disse. Recentemente, o Tesouro aprovou um empréstimo de até R$ 12 bilhões aos Correios, destinado à reestruturação econômico-financeira da empresa. Apesar do valor total autorizado, a estatal poderá utilizar até R$ 5,8 bilhões em 2025, limite compatível com o déficit primário estimado para o ano. Segundo o secretário, a primeira fase, que envolveu a celebração de operações de curto prazo, já foi concluída, com destaque para o papel do Tesouro na definição das condições financeiras. — Aqui vale destacar a atuação do Tesouro, ajudando-os a conseguir uma operação que ficasse dentro do limite de uma certa taxa de juros — disse. Ele ressaltou que a renegociação teve impacto relevante na redução do custo financeiro. — Só para terem uma noção, o fato de a gente ter conseguido ajudá-los a renegociar a primeira operação e a obter uma nova dentro desse limite de juros vai gerar uma economia de R$ 5 bilhões em juros — afirmou. A operação terá prazo de 15 anos, com três anos de carência, e juros equivalentes a 115% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa de referência das operações interbancárias e próxima à Selic. O percentual ficou abaixo do limite usual de 120% do CDI adotado pelo Tesouro em operações com garantia da União. Nesta segunda-feira, o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, divulgou um plano de reestruturação que prevê a mudança do regime societário da estatal, com a possibilidade de abertura de capital. Nesse cenário, os Correios, hoje 100% públicos, poderiam se tornar uma empresa de economia mista, nos moldes da Petrobras e do Banco do Brasil, que contam com acionistas privados. O plano inclui ainda o fechamento de mil agências próprias, cortes de despesas estimados em R$ 5 bilhões até 2028, a venda de imóveis e a implementação de dois planos de demissão voluntária (PDVs), com a meta de reduzir o quadro de pessoal em 15 mil funcionários até 2027. Ao comentar a possibilidade de aportes e o enquadramento regulatório da estatal, Ceron explicou que há previsão normativa específica para empresas em processo de reestruturação e que, nesse contexto, eventuais aportes não caracterizam dependência. — Há um decreto, por exemplo, que trata desse modelo de empresas que buscam a reestruturação financeira — afirmou.