O termo sobre política mais buscado no Google por brasileiros em 2025 foi o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que resultou na condenação do ex-mandatário a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Dos dez assuntos mais pesquisados na área, quatro estão diretamente relacionados à democracia brasileira e à legislação. Os dados são do relatório anual do Google Trends, que reúne os temas mais buscados do ano em diferentes categorias. Conferência Nacional dos Bispos critica atuação do Congresso em 2025: 'Aumento da corrupção e perda de decoro' EUA: Ex-embaixador diz que Trump descartou Bolsonaro após vê-lo como 'perdedor' O segundo termo mais procurado no país foi anistia, que se refere ao perdão concedido pelo Estado a pessoas que cometeram determinados crimes, extinguindo a punição. Na sequência aparecem as buscas sobre a Lei Magnitsky, aplicada em julho contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e, em quarto lugar, a chamada PEC da Blindagem, proposta que previa a ampliação da proteção de parlamentares contra investigações e processos criminais e civis. Por último, vêm buscas sobre a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). Veja abaixo a ordem dos cinco termos mais buscados e saiba sobre o que se trata cada um deles. Votação da anistia Lei Magnitsky PEC da Blindagem COP30 Dados de pesquisa do Google Trends mostram os termos mais pesquisados por brasileiros em 2025 Reprodução Julgamento de Jair Bolsonaro Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do STF condenou, em setembro, Bolsonaro e outros sete aliados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Alexandre de Moraes, relator do caso, votaram pela condenação, enquanto Luiz Fux defendeu a absolvição. Esta é a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por tentativa de golpe de Estado. Jair Bolsonaro conversa com seus advogados durante julgamento no STF, em 10 de junho de 2025, em Brasília. Ele nega envolvimento em suposto plano de golpe após a derrota para Lula em 2022. EVARISTO SA / AFP Após a condenação, os magistrados passaram à fase da dosimetria, na qual discutiram as penas a serem aplicadas. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a uma pena de 27 anos e 3 meses. Além de Bolsonaro, foram condenados: Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, a 24 anos; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, a 24 anos; Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, a 21 anos; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, a 2 anos de prisão, já que fez delação premiada; Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Defesa, a 19 anos; Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, a 26 anos; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (neste caso, menos por dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado), a 16 anos, 1 mês e 15 dias. Votação da anistia Manifestantes protestam contra anistia a Bolsonaro e outras pautas Leo Martins / Agência O Globo A defesa de uma anistia ampla aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro foi uma das pautas do bolsonarismo neste ano e avançou junto ao julgamento da trama golpista no STF. A tramitação de um projeto de lei começou ainda em 2024, na Câmara dos Deputados. As primeiras versões do texto chegaram a prever o perdão de crimes que extrapolavam os atos golpistas e poderiam beneficiar, inclusive, parlamentares investigados por participação em articulações antidemocráticas, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Diante da resistência interna e do risco de judicialização, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), entregou a relatoria ao deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Com trânsito no Supremo, o parlamentar reformulou a proposta e substituiu a anistia por mudanças técnicas no cálculo das penas — a chamada dosimetria penal. O texto aprovado pelos deputados, porém, ampliava benefícios para além dos crimes ligados ao 8 de janeiro, ao alterar regras da Lei de Execução Penal aplicáveis a outros delitos cometidos com violência ou grave ameaça. A votação e aprovação no plenário do Senado, em dezembro, ocorreu após um acordo de procedimento articulado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que admitiu ter defendido o avanço da dosimetria diante da avaliação de que a aprovação já era inevitável. Em troca, buscou apoio para acelerar a tramitação de um projeto de interesse da equipe econômica que corta incentivos fiscais e eleva a tributação de bets, fintechs e juros sobre capital próprio. No mesmo mês, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente Lula irá vetar o projeto. Lei Magnitsky No fim de julho, o governo dos Estados Unidos sancionou o ministro do STF Alexandre de Moraes, sua esposa Viviane Barci de Moraes e o instituto da família do ministro pela Lei Magnitsky. A norma permite que o governo americano aplique sanções a pessoas acusadas de violações de direitos humanos ou corrupção em qualquer parte do mundo. As principais sanções incluem o bloqueio de bens, como contas bancárias, investimentos financeiros e até imóveis, que estejam nos Estados Unidos. Além disso, proíbe a entrada no país e impede a negociação com empresas e cidadãos americanos. No entanto, em dezembro, o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada do ministro Alexandre de Moraes, de sua esposa Viviane Barci de Moraes, e do instituto da família da lista de sancionados. O ministro Alexandre de Moraes, do STF Luiz Silveira/STF PEC da Blindagem A PEC da Blindagem pretendia ampliar as garantias de parlamentares e retomar a exigência de autorização prévia do Congresso para que deputados e senadores respondam a processos criminais no STF. O texto visava alterar o artigo 53 da Constituição e criar novas exigências para a abertura de ações judiciais contra congressistas. A proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 16 de setembro, por 353 votos a favor e 134 contrários. Após uma onda de protestos no início de dezembro, a pressão se voltou ao Senado. Senador Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem na CCJ Saulo Cruz/Agência Senado Na semana seguinte, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou a PEC por unanimidade. O relatório do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), contrário à proposta, foi aprovado pelo colegiado, o que levou ao arquivamento do texto sem que ele chegasse ao plenário. COP 30 O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil e o presidente da COP 30 André Corrêa do Lago Antonio Scorza/COP30 A COP30 foi realizada na capital paraense em novembro e contou com a presença de chefes de Estado de diferentes nações. O evento no Pará foi anunciado como a “COP da implementação” — ou seja, discursos virariam prática. Mas a realidade das negociações mostrou-se mais desafiadora, e foi difícil alcançar consensos para avançar em pautas cruciais. Os pontos mais críticos destacados por especialistas são as ausências de planos contra combustíveis fósseis, apontada como a grande derrota, e o desmatamento. Por outro lado, houve avanços importantes em transição econômica justa e na participação da sociedade civil. Em outros temas, como nas pautas indígenas e racial, o cenário é intermediário: há conquistas, mas poderia ser melhor.