PT publica manual de orientações para militância digital com incentivo ao uso de cortes de vídeos e proibição de termos como 'genocida'

Às vésperas do ano da disputa presidencial, o PT publicou nesta segunda-feira um manual com orientações para a atuação digital da militância do partido a favor do presidente Lula, que inclui diretrizes jurídicas e incentivo ao uso de memes e cortes de vídeos como "munição política". No documento também são feitas orientações que desaconselham o uso dos termos "genocida","fascista" e "corrupto" na descrição de opositores por representarem riscos de ações judiciais. A cartilha traz orientações sobre "o que pode e não pode" ser publicado por usuários para evitar processos por difamação e calúnia, focando em diretrizes válidas principalmente no contexto eleitoral. Entre as estratégias divulgadas, por exemplo, estão a abordagem "de fatos, e não da vida privada", "a transformação de imputações em opinião política", o uso de "memes satíricos, mas com base em fatos" e o embasamento em conteúdo jornalístico. O manual também pede para que os usuários busquem se "diferenciar" da corrente ideológica adversária, dizendo que "enquanto o bolsonarismo manipula imagens para fake news, a militância do Lula deve mostrar a verdade dos atos públicos". Capa de manual criado pelo PT com orientações para atuação da militância para 2026 Reprodução O documento também sugere substituições de termos considerados ofensivos por descrições de características autoritárias que "se aproximam ou remetem ao fascismo histórico", críticas a políticas públicas adotadas durante a pandemia e menções a investigações e escândalos de corrupção. Além disso, também foram incentivados usos de "vídeos e prints públicos" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para "desmascarar contradições", mas desencoraja manipulações para a produção de conteúdos falsos. O manual também orienta os criadores de conteúdo sobre os passos a serem tomados em casos de erros, de ameaças ou recebimento de ações judiciais. A cartilha passou a circular em grupos de WhatsApp que reúnem influenciadores apoiadores do PT, criados para organizar a militância em prol do governo, como mostrou o GLOBO. A rede — denominada como "Pode Espalhar" ou "Clube de Influência Eu Tô Com Lula" — foi acionada em momentos de embate do Planalto com o Legislativo, como durante a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a tramitação da PEC da Blindagem. As mobilizações levaram aos trending topics do X hashtags com os dizeres "Congresso Inimigo do Povo" e divulgaram conteúdos criados por inteligência artificial que tiveram como alvo os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Além disso, através dos canais de troca de mensagens, também foram coordenadas as respostas dos militantes em ocasiões como a prisão de Bolsonaro e a aprovação de projetos de interesse do governo, como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil.