A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), condenou, nesta segunda-feira (29), a confusão generalizada na praia de Porto de Galinhas, um destino turístico da região, ocorrida no último sábado, que resultou na agressão de um casal de turistas. Cleiton Zanatta e Johnny Andrade foram espancados por barraqueiros locais após se recusarem a pagar um valor quase duas vezes maior do que o acordado pelo aluguel de duas cadeiras e um guarda-sol. 'É veado, tem que apanhar mesmo': Casal de turistas espancado em Porto de Galinhas diz que homofobia motivou agressões Brasil bate recorde e recebe 9 milhões de turistas em 2025; saiba os principais destinos e nacionalidade dos visitantes Lyra declarou, em entrevista à Rádio Jornal PE, que o episódio não pode ser encarado como um incidente, mas sim como um "crime grave" contra os dois turistas de Mato Grosso. Ela afirmou que Cleiton e Johnny foram espancados de "maneira brutal" e determinou que a situação fosse acompanhada de perto para que as providências fossem tomadas. — Porto de Galinhas é um lugar que todo pernambucano tem no coração. É o quarto maior destino turístico do Brasil, e o que aconteceu é absolutamente inadmissível [...]. Não vamos tratar como um incidente, vamos tratar como um crime grave contra dois turistas que vieram nos visitar, foram à praia e, infelizmente, foram espancados de maneira brutal por criminosos que estavam ali — destacou a governadora. Ela informou que o sistema de inteligência identificou 14 pessoas envolvidas no caso, as quais serão indiciadas e responderão pelas providências cabíveis. Lyra pediu desculpas em nome dos cidadãos do estado e destacou que a segurança pública em Pernambuco era uma questão “muito crítica”. — O cuidado com os turistas, em nome do povo de Pernambuco, não é isso. Eu peço desculpas. [...] Sempre digo que um lugar é bom para visitar quando ele é bom para viver, e temos investido muito em segurança pública, que era um tema muito crítico no estado — afirmou. Também garantiu que, em parceria com a prefeitura, tomará medidas para melhorar a segurança pública e garantir o acolhimento do casal. Entenda o caso Johnny Andrade e Cleiton Zanatta, casal de turistas agredido em Porto de Galinhas Reprodução / X No último sábado (27), Cleiton Zanatta e Johnny Andrade foram espancados em Porto de Galinhas, em Pernambuco, após se recusarem a pagar um valor quase duas vezes maior pelo aluguel de duas cadeiras e um guarda-sol. Em entrevista ao GLOBO nesta segunda-feira (29), o casal afirmou que o comportamento agressivo pode ter sido motivado por preconceito. Casados há seis anos, Cleiton e Johnny relataram ter ouvido gritos de pessoas chamando-os de "veados" e dizendo que "tinham mesmo que apanhar", enquanto recebiam socos e chutes de mais de 20 comerciantes locais. — Assim que chegamos na praia, fomos abordados por um homem que ofereceu o aluguel das cadeiras e do guarda-sol por R$ 50. Inicialmente, não demos muita importância, mas ele foi tão insistente que dissemos que, caso conseguisse um lugar mais perto do mar, fecharíamos o pacote. No final, na hora de pagar a conta, o homem afirmou que o valor seria R$ 80, pois o preço havia mudado — relembra Cleiton. O empresário afirmou que, ao tentarem argumentar sobre o preço estar acima do combinado, o homem arremessou uma cadeira contra Johnny, que caiu na areia e foi atacado por mais de 20 outros barraqueiros que estavam nas proximidades. — Foi muito assustador, mais de 20 pessoas vindo para cima de nós dois, com socos e chutes. Desconfiamos que tenha sido algo planejado, porque não entendemos como tantos barraqueiros, que supostamente estariam ocupados com seus serviços, conseguiram se aproximar tão rapidamente — afirmou o casal. Após a agressão, os turistas registraram um boletim de ocorrência e buscaram assistência jurídica com uma equipe de advogados de Mato Grosso, estado onde residem. — Várias pessoas já vieram conversar conosco, dizendo que passaram pela mesma situação. Inclusive, uma das donas do hotel onde estamos hospedados nos contou que um amigo dela, que veio da Alemanha, sofreu uma agressão ainda mais brutal. Ele também era gay, o que nos leva a acreditar que a homofobia pode ter motivado o ataque — concluiu o casal. *Estagiária sob supervisão de Daniela Dariano.