Israel deu um passo sem precedentes na área de defesa aérea ao receber oficialmente o primeiro sistema a laser operacional do mundo, conhecido como Iron Beam — ou Or Eitan. A entrega foi anunciada pelo Ministério da Defesa neste domingo (28) e marca a entrada em operação de uma tecnologia desenvolvida em parceria com a empresa Rafael Advanced Defense Systems, com foco na interceptação de foguetes, mísseis, projéteis de morteiro e drones. Segundo o Ministério da Defesa e a Rafael, o sistema, chamado de "Feixe de Ferro", se diferencia pela combinação de um laser de alta potência com um mecanismo de orientação eletro-óptico avançado, capaz de neutralizar ameaças aéreas a diferentes distâncias com elevado grau de precisão. A arquitetura foi projetada para responder a ataques múltiplos e simultâneos, com custos operacionais significativamente inferiores aos dos sistemas tradicionais baseados em mísseis interceptores. Integração à rede nacional de defesa O Iron Beam é resultado de um esforço conjunto entre o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Defesa e a Rafael, e será implantado de forma gradual. De acordo com o plano oficial, ele passará a integrar a rede de defesa aérea de Israel ao lado de plataformas já consolidadas, como o Domo de Ferro, o Estilingue de Davi e o Arrow. Durante a cerimônia de apresentação, o ministro da Defesa, Israel Katz, classificou o momento como “histórico” e afirmou que é a primeira vez que um sistema de laser de alta energia atinge maturidade operacional. Para ele, a nova capacidade representa uma mudança estrutural na defesa aérea e envia uma mensagem clara de dissuasão aos adversários do país. O diretor-geral do ministério, Amir Baram, destacou que a entrega simboliza a transição do desenvolvimento para a produção em massa, abrindo caminho para o que chamou de “revolução tecnológica” na relação custo-benefício da defesa israelense. Já o chefe da Força Aérea, Tomer Bar, ressaltou que o sistema comprovou sua eficácia durante a guerra e será um componente central da defesa aérea. De acordo com dados oficiais, o Iron Beam — também referido por autoridades como Iron Ray — já demonstrou capacidade de interceptar foguetes, drones e mísseis em testes e implantações iniciais, superando limitações de sistemas que dependem exclusivamente de interceptores. O Ministério da Defesa afirma que a tecnologia permite localização quase instantânea dos alvos e atuação mesmo contra trajetórias irregulares, com operação por unidades da Força Aérea. Um dos principais atrativos é o custo. Enquanto cada interceptação com mísseis tradicionais pode custar centenas de milhares de dólares, acionar o laser tem um gasto descrito por autoridades como comparável ao de “acender uma lâmpada”. Segundo o ministério, isso possibilita manter cobertura ampliada e responder a bombardeios massivos de projéteis de forma sustentável. O sistema conta ainda com variantes, como o Iron Beam M e o Lite Beam, que diferem em potência, alcance e mobilidade, conforme informações da Rafael. O processo de implantação foi acelerado após testes em cenários reais: o ministério revelou que, em outubro de 2024, sistemas a laser israelenses derrubaram quase 40 drones do Hezbollah no norte do país. Relatos do Jerusalem Post indicam que o equipamento foi adaptado e aprimorado durante o uso em combate, em colaboração direta entre militares e engenheiros da Rafael. Batizado também como Or Eitan, em homenagem ao capitão Eitan Oster, morto em combate no sul do Líbano, o sistema simboliza, segundo autoridades, uma nova etapa na defesa aérea global. Embora países como Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia, Alemanha e Japão desenvolvam tecnologias semelhantes, Israel afirma ser o primeiro a alcançar integração operacional plena, inaugurando um novo paradigma na proteção contra ameaças aéreas.