Abrir os braços e o sorriso para aquela foto aos pés do Cristo Redentor é o sonho de consumo de quase todo mundo que visita o Corcovado. A tarefa de fazer o registro clássico, no entanto, tem sido árdua nesses dias que antecedem o réveillon. Na tarde de ontem, encontrar espaço para caminhar pelo platô de visitação ao monumento já era uma conquista. A lotação observada em uma das mais importantes atrações turísticas do Rio é apenas reflexo do que se vê pela cidade. Há turistas — brasileiros ou não — por todos os lados. A casa está cheia. Réveillon 2026: montagem das 19 balsas com os fogos que iluminarão a virada do ano em Copacabana entra na reta final CLIQUE AQUI E VEJA NO MAPA DO CRIME DE NITERÓI COMO SÃO OS ROUBOS NO SEU BAIRRO Entre os que se acotovelavam no Cristo, um grupo animado fazia planos com expectativas lá em cima. — Altas, muito altas expectativas. Realmente fortes, com muito champanhe e azaração. Ele quer conseguir uma namorada na Praia de Copacabana, no Posto 5 — empolgou-se o argentino Juan Shan, 22 anos, apontando para um amigo. De acordo com levantamento divulgado ontem pelo Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (HotéisRIO), a projeção é de que a média de ocupação nos hotéis da cidade entre 31 de dezembro e 3 de janeiro fique na casa de 87,01%. O número supera por pouco os 85,19% registrados em pesquisa similar feita no ano passado. Entre os bairros, a Zona Sul lidera com folga a disputa pela preferência dos turistas: a região de Copacabana e Leme é a mais procurada, com 91,83%, seguida de Ipanema e Leblon (89,06%). Barra, Recreio e São Conrado atingiram taxa de ocupação de 86,14%, no Flamengo e em Botafogo são 84,55% e no Centro, 82,45%. — Este ano temos um bom volume de turistas internacionais que normalmente passam mais tempo na cidade. E com o réveillon caindo na quarta-feira, isso também melhorou a ocupação do mercado nacional. É bom porque os turistas têm tempo de conhecer melhor a cidade e até esticar para destinos no interior — observa Alfredo Lopes, presidente do HotéisRio. Segundo ele, há uma tendência de que a proporção de estrangeiros na Zona Sul da cidade seja maior que a de visitantes brasileiros, algo na ordem de 60% contra 40%, o que representaria uma inversão do que foi observado em anos anteriores. Vai usar o metrô e trens no fim do ano? Confira os horários de funcionamento Os hotéis estão lotados, é verdade, mas há também quem se abrigue na casa de parentes ou em apartamentos alugados por temporada. A plataforma Airbnb não divulga dados sobre as locações que intermedeia, mas afirma que, no caso do réveillon no Rio, “dados internos (...) mostram aumento no número de pessoas planejando viagens para o período, superando o registrado em 2024”. De acordo com a concessionária RIOgaleão, entre os dias 28 de dezembro e 2 de janeiro chegarão à cidade 346 mil passageiros. Desses, 225 mil são de voos domésticos e 121 mil de voos internacionais. Isso representa um aumento de 29% em relação ao movimento registrado no terminal no mesmo período do ano passado. Família de portugueses se planejou para ficar uma semana no Rio e assistir, pela primeira vez, à virada do ano em Copacabana Marcelo Theobald / Agência O Globo Ontem, na entrada da Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, o casal Anabela e João Anjo, ambos de 55 anos, preparava-se para o próximo itinerário carioca: assistir ao pôr do sol no Pão de Açúcar. Eles deixaram a cidade do Porto, em Portugal, onde moram, no último dia 27 e, junto aos três filhos, assistirão à virada do ano em Copacabana, onde estão hospedados. Cacique Cobra Coral promete: não vai chover forte no réveillon; nuvens serão desviadas para encher reservatórios de São Paulo Da família, Anabela é a única brasileira. Nascida em São Paulo, não visitava o Rio desde os 13 anos, quando se encantou pelas praias e até dançou em uma apresentação musical no Maracanã. — Essa viagem é diferente porque estou conhecendo o Rio. Quando era criança, só queria saber das praias, o resto não me interessava — destaca, afirmando que, até o momento, a família fez passeio de helicóptero ao redor do Cristo Redentor e visitou as favelas do Vidigal e da Rocinha, na Zona Sul. Apesar de morar em Portugal desde a década de 90, Anabela guarda tradições brasileiras para o réveillon. — Sempre passo de branco e de calcinha nova — comenta ela, aos risos. Chove na virada do ano? Veja o que dizem as previsões do tempo Outras paradas Pela Rodoviária do Rio passarão 891 mil viajantes até 5 de janeiro, juntando o movimento de Natal e réveillon, o que equivale a 20 mil passageiros além do registrado no mesmo período de 2024. Só nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro serão cerca de 50 mil pessoas chegando. Muitos chegam, mas muitos vão também. A possibilidade de ficar mais tempo no Rio ao emendar a semana (ou parte dela) devido ao feriado na quinta-feira tem levado um bocado de gente a visitar destinos no interior. De acordo com os dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), a média de ocupação dos meios de hospedagem no interior do estado está em 88,05%. O pódio é formado por Arraial do Cabo (98,60%), Miguel Pereira (95,10%) e Angra dos Reis (94,60%). — As cidades têm se fortalecido no setor turístico e isso é muito positivo. Tem gente que aproveita a vinda ao Rio para esticar em outra cidade e tem gente que vai direto para o interior. Isso ajuda a girar e fortalecer a nossa economia através do turismo — afirma Gustavo Tutuca, secretário estadual do Turismo. O secretário comemora os mais de 2 milhões turistas estrangeiros no estado este ano. — Isso é fruto de um trabalho em conjunto de promoção do estado que foi feito a muitas mãos. Temos vários nichos turísticos, com apelos diferentes, e isso faz com que o visitante estique um pouco mais sua permanência para conhecer outro destino. As cidades se promovendo, colocando mais atenção no setor — diz Luiz Strauss, presidente executivo do Visit Rio. *Estagiária sob supervisão de Leila Youssef Initial plugin text Initial plugin text