O piloto Luiz Ricardo Leite Amorim, de 40 anos, tinha três grandes paixões: o filho de seis anos, o Rio de Janeiro e a aviação. As duas primeiras ele fez questão de carregar na pele — o rosto do menino tatuado no peito e a imagem do Cristo no braço esquerdo. Eram marcas visíveis de afeto e escolhas de vida. Entenda: Acidente fatal com aeronave em Copacabana pode estar relacionado ao tamanho da faixa que ela puxava Investigação sobre queda de avião na Praia de Copacabana deve ser concluída em 30 dias Amigo de Amorim há cerca de 15 anos, Hélio Faria contou ao blog que, há apenas duas semanas, o piloto havia decidido se mudar definitivamente para o Rio, após uma longa temporada na Suíça. Era um recomeço. Um plano que mal teve tempo de começar. Paixão pelo Rio de Janeiro tatuado no braço do piloto Luiz Ricardo Amorim Reprodução No início da tarde de sábado (27/12), Amorim morreu após a queda de um avião monomotor no mar de Copacabana, na Zona Sul do Rio. A tragédia interrompeu, de forma abrupta, uma fase que ele descrevia com entusiasmo a amigos próximos. — Estou muito abalado. O pior de tudo é que ele não tinha família aqui, só um filho de seis anos na Suíça. Nem sei o nome da criança. A mãe dele (Amorim) morreu em 2020, na Itália, e ele era filho único. Eu e outros amigos estamos tentando localizar a mãe do menino, que mora na Suíça, para avisá-la. O casal era separado, e ele não falava muito sobre esse lado da vida — contou Hélio, enquanto tenta reunir informações sobre a criança. Luiz Ricardo Leite Amorim posa na foto com tatuagem do filho no peito, ao lado de uma amiga Reprodução do Instagram A última conversa entre os dois aconteceu na véspera do Natal. Uma ligação breve, apenas para desejar boas festas. — Ele estava feliz. Tinha acabado de concluir um curso para pilotar avião bimotor e estava empolgado porque havia conseguido alugar um apartamento na Zona Sul. Chegou a me mandar uma foto da vista da janela. Dava para ver o Cristo. Ele estava realizado, de bem com a vida. Não consigo acreditar no que aconteceu — disse. PF planeja terceira fase da Operação Unha e Carne baseada em dados extraídos de celulares de Bacellar e desembargador O acidente ocorreu quando Amorim sobrevoava a Praia de Copacabana em um monomotor que rebocava uma faixa de propaganda. De acordo com a Visual Propaganda Aérea, empresa dona da aeronave, aquela era a primeira vez que o piloto realizava esse tipo de operação. Ainda assim, informou que ele estava habilitado e havia passado por treinamento específico. Segundo a Prefeitura do Rio, a empresa Visual Propaganda Aérea não tinha licença para fazer a campanha publicitária no dia do acidente, e será autuada. Já a empresa diz que opera há mais de 40 anos com o serviço de publicidade. Mais um processo: Adilsinho é denunciado pelo MPRJ por mandar matar sua quarta vítima Nascido em Goiânia, em Goiás, Amorim sempre foi movido pelo desejo de viajar. Era poliglota. Morou na Itália, viveu na Suíça e, por escolha, decidiu fixar raízes no Rio de Janeiro — a cidade que dizia amar — após terminar o namoro com uma americana. Em seu Instagram, ele postava os países que visitava. O piloto Luiz Ricardo Amorim gostava de praticar jiu-jítsu Reprodução do Instagram Enquanto lida com o luto, Hélio tenta resolver a liberação do corpo, mesmo sem ser parente. Uma família de Goiânia, com quem Amorim foi criado, enviará um representante ao Rio para tratar da liberação no Instituto Médico-Legal (IML) e da emissão da certidão de óbito. — Está em andamento o inventário da mãe dele. Como ele era o único herdeiro, o filho passa a ser o beneficiado. Por isso, precisamos encontrar a mãe da criança, que deverá representá-lo — explicou. O corpo do piloto deve ser enterrado no Rio, segundo o amigo. Um desejo que, embora nunca tenha sido dito, parece óbvio para quem o conhecia. — Ele amava o Rio. Morreu fazendo o que gostava. Acho que não haveria outro lugar onde ele gostaria de ficar.