Um britânico que passou quase três décadas caminhando ao redor do mundo teme que o último obstáculo de sua jornada não possa ser vencido a pé pelos próximos dias. O ex-paraquedista Karl Bushby, de 56 anos, está próximo de concluir a travessia iniciada em 1998, no Chile, com destino final em Hull, no norte da Inglaterra, mas enfrenta a possibilidade de não receber autorização para usar o Eurotúnel. Mãe e filha morrem após ceia de Natal na Itália por intoxicação alimentar; pai segue internado Após cerca de 58 mil quilômetros percorridos exclusivamente a pé, Bushby teme que as regras de segurança do Túnel da Mancha impeçam sua passagem por um túnel de serviço. Pelas normas que ele próprio estabeleceu ao iniciar a aventura, o britânico se comprometeu a não utilizar nenhum meio de transporte mecanizado, o que inclui balsas ou trens. Caso o pedido seja negado, a alternativa extrema seria atravessar o Canal da Mancha a nado. “Ainda não entramos em contato oficialmente. Tenho uma carta pronta para enviar, só preciso encontrar a pessoa certa”, afirmou Bushby, em declarações à imprensa britânica. Ele diz estar otimista, mas admite não saber quão difícil será obter a permissão. Travessias improváveis marcaram a jornada Ao longo dos 27 anos de caminhada, Bushby já enfrentou desafios semelhantes. Para evitar entrar no Irã ou na Rússia, ele nadou mais de 270 quilômetros pelo Mar Cáspio, em uma travessia que durou 31 dias, do Cazaquistão ao Azerbaijão. Também precisou enfrentar trechos de água no Estreito de Bering, entre a Ásia e a América do Norte. Apesar disso, o britânico admite desconforto com a ideia de encarar o Canal da Mancha. “É um tipo diferente de água, muito mais fria. Espero nunca ter que pensar seriamente nisso”, disse, em tom de brincadeira, ao afirmar que nadar seria a última das opções. Atualmente na Hungria, Bushby afirma que a jornada lhe trouxe uma visão ampla das culturas ao redor do mundo. Segundo ele, as diferenças entre os povos são, em grande parte, superficiais, e a receptividade foi uma constante ao longo do caminho, embora cite a Rússia como um dos países onde sentiu maior frieza inicial com estrangeiros. Com a chegada iminente a Hull e à casa da mãe, o aventureiro reconhece que o maior desafio pode começar após o fim da caminhada. “É assustador. O propósito da minha vida nos últimos 27 anos vai acabar de forma abrupta”, afirmou. Ele diz ter ideias para o futuro, mas admite incertezas sobre como será a vida longe da estrada, agora sob os holofotes da mídia e diante da necessidade de “arrumar um emprego” e começar uma nova fase.