‘Merece passar fome’: áudio revela briga entre dono e funcionário após fechamento de bar literário em SP

A confusão começou com um prêmio literário. A Ria Livraria, um bar dedicado ao mundo dos livros, na Vila Madalena, em São Paulo, decidiu promover uma premiação para obras inéditas que pagaria R$ 100 mil ao primeiro colocado. Fundada por Marcos Benuthe, ex-sócio da Mercearia São Pedro, tradicional reduto boêmio que fechou as portas em 2024 no mesmo bairro, a Ria viu a iniciativa se transformar em polêmica e anunciou o fim das atividades nesta semana, caso que ganha um novo capítulo com um áudio revelado nesta terça-feira (30). Nos últimos dias, Benuthe teria sido confrontado por um funcionário da casa que reclamava da falta de registro trabalhista dos empregados da Ria, ao mesmo tempo em que o prêmio pagaria altos valores aos escritores. Na segunda-feira, Benuthe postou um vídeo no qual se queixava da atitude, anunciava o fechamento da casa e acusava o jornalista Tom Cardoso — autor, entre outros livros, de biografias de Sócrates e Caetano Veloso — de ter divulgado a versão do funcionário. Em meio à polêmica, Tom postou, nesta terça (30), um vídeo que mostra áudios postados por Benuthe e pelo funcionário em um grupo de WhatsApp que, segundo o escritor, era voltado a organizar jogos de futebol. O funcionário reclama das questões trabalhistas: — Eu comentei com o Tom (Cardoso), sim. Nós ‘tá’ há 4 anos sem registro, isso é injusto, aí nós que ‘é’ o funcionário ‘tamo’ tudo errado? Não sou só eu que 'tô' chateado, toda equipe 'tá' chateada — diz o empregado, que antes da Ria, inaugurada em 2024, trabalhava na Marcenaria São Pedro. Em seguida, Tom, ele próprio um frequentador do bar, revela um áudio de Benuthe em resposta ao funcionário, no qual o dono do estabelecimento diz que o empregado “tem que passar fome”. — Acha que eu tenho medo de você, seu cuzão? Você, com a competência que você tem, tem que passar fome mesmo, como passou muito tempo, seu babaca. Você tem que passar fome porque não tem competência e energia para trabalhar — diz Benuthe. O GLOBO tenta contato com o empresário, e o espaço está aberto a manifestações. Na postagem em que anunciou o fechamento da Ria, Benuthe afirmou: “Com o fim da Merça (Mercearia), pós-pandemia, abri a Ria com a finalidade de incentivar a literatura e a cultura e oferecer emprego para ex funcionários da Merça. Nunca visando ganhar dinheiro, pelo contrário, sempre paguei o que consumia. No começo da Ria, o pacto era que no 1° mês que a Ria desse lucro, coisa que nunca aconteceu, a 1° providência seria registrar os funcionários. Agora, eles receberão todos os direitos trabalhistas. Ética e caráter não caem do céu!”, escreveu.