Um estudo publicado neste mês sugere que a pegada de carbono de ferramentas de Inteligência Artificial no ano de 2025 pode se igualar à da cidade de Nova York, um dos principais centros urbanos do planeta. O relatório, divulgado na revista científica Patterns, foi organizado pelo pesquisador Alex de Vries-Gao. Ele é cientista de dados e fundador da Digiconomist, organização voltada para entender as consequências de trends digitais. Além de se igualar ao total de emissões de gases do efeito estufa da cidade de Nova York, o total de gás carbônico emitido se aproxima de 8% do produzido por aviação no mundo inteiro anualmente. O consumo de água, por sua vez, supera o total consumido em água engarrafada no planeta em 2025. Pelas estimativas, teriam sido emitidos, somente este ano, entre 32,6 e 79,7 milhões de toneladas de CO₂, enquanto o gasto de água poderia estar entre 312,5 e 764,6 bilhões de litros. Pesquisadoras desenvolvem filme biodegradável para embalagens de alimentos Emissões de CO₂ geradas por IA equivalem às da cidade de Nova York Kai Pelger/Pexels A Inteligência artificial é perigosa? Participe da discussão no Fórum TechTudo Falta de transparência dificulta medir impacto ambiental da IA O artigo utilizou métricas divulgadas por empresas como Meta, Google, Microsoft e OpenAI para estabelecer estimativas do consumo de CO₂, água e eletricidade de seus datacenters. Porém, como afirma Vries-Gao no relatório, as informações divulgadas são insuficientes: “a falta de distinção entre cargas de trabalho de IA e sem IA nos relatórios ambientais de operadores de data centers significa que é possível entender o impacto ambiental de cargas de trabalho de IA somente a partir de estimativas feitas a partir das métricas de performance gerais de tais data centers.” Um dos problemas relacionados à transparência está, além de não existirem dados separados sobre gastos com IA, na falta de métricas específicas sobre gastos indiretos de água na geração de energia para data centers. À exceção da Meta, nenhuma das empresas de tecnologia analisada divulgou dados desse tipo. Outros problemas, como a falta de divulgação de emissões específicas de data centers ou gastos com eletricidade, também são empecilhos para a análise do impacto das novas tecnologias na sociedade. Em entrevista para o jornal britânico The Guardian, Donald Campbell, diretor de governança da Foxglove, organização sem fins lucrativos voltada para a defesa de tecnologia mais justa, defendeu que o relatório prova que o público está pagando a conta ambiental de algumas das empresas mais ricas do mundo. “O pior é que é isso provavelmente é só a ponta do iceberg. O frenesi da construção de data centers, motivado pelas IAs generativas, só está começando”. Caminhos para o futuro No início do mês, o TechTudo noticiou o consumo excessivo de água causado pelo uso frequente de ferramentas de I.A. Empresas como a OpenAI, por exemplo, sequer divulgaram relatórios sobre o impacto ambiental de suas atividades — apesar de, como também noticiado pela Redação do TechTudo, o ChatGPT liderar as estimativas de produção de gases do efeito estufa. A solução, para Vries-Gao, pode estar na implementação de políticas de transparência ambiental mais duras e específicas. Para ele, as deficiências na divulgação de métricas sobre os impactos ambientais de data centers poderiam ser resolvidas com regulamentações novas obrigando a divulgação de dados específicos. “Com o crescimento do impacto ambiental de data centers, a urgência por transparência no setor de tecnologia também está crescendo”, ele prevê. O especialista alerta: “Sem dados transparentes, as maiores oportunidades para mitigação dos impactos climáticos de data centers e IA não podem ser facilmente identificadas, e o efeito de intervenções [para mitigação] também vai seguir oculto”. Com informações de Patterns e The Guardian. O estudo completo pode ser conferido aqui. Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui Um Só Planeta atualizado Divulgação/Um Só Planeta Mais de "Um Só Planeta" Descubra como aumentar a vida útil do seu dispositivo e reduzir o lixo eletrônico Menos lixo eletrônico: 5 formas de aumentar a vida útil dos dispositivos