A gigante de tecnologia americana Meta acertou a compra da startup chinesa de inteligência artificial (IA) Manus em mais uma tentativa de Mark Zuckerberg de reduzir a diferença em relação aos rivais OpenAI, Microsoft e Google na corrida pela IA. Os detalhes do acordo não foram revelados, mas a operação avalia a Manus em mais de US$ 2 bilhões, segundo de fontes da Bloomberg. Além de movimentar a concorrência, o negócio tem o potencial de acirrar as tensões políticas entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, pois se trata de uma rara aquisição por uma empresa dos Estados Unidos de uma companhia de tecnologia asiática. O acordo foi fechado em cerca de dez dias e um dos primeiros passos anunciados pela Meta foi a interrupção dos serviços da startup em Pequim. — Não haverá participação acionária chinesa remanescente na Manus após a transação, e a Manus descontinuará seus serviços e operações na China — disse um porta-voz da empresa de Zuckerberg . A controladora da Manus, a Butterfly Effect, foi fundada na China e hoje tem sede em Cingapura. Por isso, foi acusada de desertora. Ela levantou recursos neste ano em uma rodada de financiamento liderada pela empresa americana de capital de risco Benchmark. Terceira maior aquisição da Meta Desde então, a Benchmark passou a ser criticada por setores mais duros em relação à China em Washington, que argumentaram que o acordo violava regras que proíbem grupos americanos de investir em IA chinesa. — Nesta onda de IA, empreendedores chineses que desenvolvem grandes modelos de código aberto ou aplicações de IA têm avançado mais rápido e são altamente competitivos — afirmou ao jornal britânico Financial Times Li Chengdong, fundador do think tank de internet Haitun. A Manus tinha até agora entre seus investidores alguns dos maiores nomes do mundo da tecnologia na China, como a Tencent, o ZhenFund e o fundo HSG. Todos serão incorporados na operação de aquisição pela Meta, disse uma fonte à Bloomberg. Um investidor inicial da equipe da Manus afirmou ao FT que o negócio seria a terceira maior aquisição da Meta, atrás apenas do WhatsApp e da Scale AI. A Meta pagou US$ 19 bilhões pelo WhatsApp em 2014 e até US$ 15 bilhões por uma participação de 49% na Scale AI neste ano. “A era pertencente a esta geração de jovens empreendedores chineses chegou”, disse Liu Yuan, sócio da ZhenFund, no WeChat. Tarefas sem intervenção humana A Manus ganhou destaque neste ano pouco depois da estreia da também chinesa DeepSeek, que atua em IA. A startup tem um dos principais agentes autônomos de uso geral, ou seja, trabalha com sistemas de inteligência artificial capazes de decidir, planejar e executar tarefas complexas sem necessidade de intervenção humana com orientação passo a passo. Isso inclui executar tarefas como triagem de currículos, criar roteiros de viagem e analisar ações, a partir de instruções básicas. De acordo com a Meta, suas ferramentas também podem fazer pesquisa de mercado, programação e análise de dados. Empresas podem adquirir assinaturas dos agentes da Manus por valores a partir de US$ 20 por mês. A ideia da Meta é manter esse serviço e integrá-lo à sua própria IA. Hoje, a Meta IA carece de aplicações construídas sobre seu próprio modelo base, em comparação com o ecossistema mais amplo de aplicações do ChatGPT, do Google Gemini e do Claude, da Anthropic, afirmaram os analistas Mandeep Singh e Robert Biggar, da Bloomberg Intelligence. Zuckerberg tornou a IA a prioridade da empresa e está investindo bilhões de dólares na contratação de pesquisadores, na construção de data centers e no desenvolvimento de novos modelos. A Manus teve uma taxa de receita anualizada de US$ 125 milhões neste ano com a venda de seu agente de IA para empresas por meio de assinaturas, o que poderia proporcionar à Meta um retorno mais imediato sobre parte de seus gastos em IA. Com agências internacionais