Quatro anos após liderar golpe e prometer não se candidatar, chefe de junta militar é eleito presidente na Guiné

O chefe da junta militar que comanda a Guiné desde o golpe de Estado de 2021, Mamadi Doumbouya, foi eleito presidente, em uma votação contestada pela oposição, que diz ter sido impedida de concorrer. Há quatro anos, Doumbouya disse que não tentaria se eleger, e que entregaria o poder a um civil. Porto gigantesco e ferrovia de 650km: Guiné inaugura mina que pode tornar país um dos maiores exportadores de ferro do mundo 'Golpe constitucional': Como presidentes na África vêm alterando a Constituição para não sair do poder De acordo com a Direção Geral de Eleições, Mamadi Doumbouya teve 86,75% dos votos válidos, e o comparecimento foi de 80,95%. Os resultados devem ser confirmados pelo Tribunal Supremo, mas foram reconhecidos por apenas quatro dos oito candidatos nas cédulas. Segundo a agência AFP, não houve comemoração nas ruas da capital, Conacri. Em 2021, após derrubar o presidente Alpha Condé (acusado de tentar se perpetuar no poder) em um golpe, Doumbouya criou a junta militar para comandar o país no oeste africano, mas prometeu, na época, que "nem eu, nem qualquer outro membro desta equipe de transição, seremos candidatos a nada". — Como soldados, valorizamos muito a nossa palavra — prometeu há quatro anos. Diz ONG: Mais de 3 mil migrantes morreram tentando chegar à Espanha em 2025 por travessias no mar Sem dar datas, disse que realizaria eleições, e que o poder seria entregue a um civil. A votação aconteceu no domingo, quatro anos após o golpe, mas os principais nomes de oposição dizem ter sido impedidos de concorrer — as cédulas traziam candidatos de pouca expressão. Segundo a organização de monitoramento de tráfego de internet NetBlocks, plataformas como o TikTok, o Facebook e o YouTube sofreram restrições durante a campanha e a apuração dos votos. Em comunicado, a União Africana, que ao lado da Comunidade Econômica dos Estados do Oeste Africano (Ecowas) enviou observadores à votação, disse que o processo ocorreu de forma calma e que passou credibilidade. A organização deixou no ar a possibilidade de levantar as sanções impostas após o golpe, mas destacou a necessidade de “combater de forma mais eficaz o fenómeno dos raptos e desaparecimentos de pessoas”.