Caso Master: polícia federal ouve 3 depoimentos em investigação sobre fraude bilionária O clima no Supremo Tribunal Federal (STF) foi de tensão entre a delegada da Polícia Federal Janaina Palazzo, o ministro Dias Toffoli e seu juiz auxiliar. O clima pesou antes da tomada dos depoimentos do dono do banco Master, Daniel Vorcaro, do ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e do diretor do Banco Central, Ailton de Aquino Santos. As investigações do caso Master ocorrem sob relatoria de Toffoli. O juiz auxiliar do ministro foi designado para acompanhar as oitivas desta terça-feira (30). Porém, a delegada Janaina discordou de algumas orientações passadas pelo juiz auxiliar de Toffoli. Discordância sobre acareação A primeira divergência ocorreu logo no início. Janaina, que preside o inquérito do banco Master, disse que foi orientada pela direção da Polícia Federal a fazer uma acareação entre os três, sem depoimentos individuais antes. O juiz Carlos Vieira Adamek, do gabinete de Toffoli, insistiu que a determinação era para que fossem colhidos primeiro os depoimentos. A delegada insistiu que não havia ordem neste sentido. Adamek ligou para Toffoli e relatou o que estava acontecendo. O ministro afirmou a seu auxiliar que sua determinação era, sim, de tomada dos depoimentos antes de uma acareação. A saída para solucionar a divergência foi o pedido da delegada para que fosse registrado em ata que o ministro relator do processo do Master havia determinado que fossem colhidos os depoimentos dos dois investigados, Daniel Vorcaro e Paulo Henrique Costa, e também do diretor de Fiscalização do BC. Perguntas Em seguida, surgiu uma segunda divergência. O juiz auxiliar de Toffoli passou uma série de perguntas para a delegada, pedindo que ela fizesse aqueles questionamentos aos depoentes. Ela se recusou, dizendo que só podia fazer em seu nome as perguntas que considerasse adequadas. O juiz insistiu que ela seguisse a ordem. Diante do novo impasse, a delegada ligou para o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, para relatar o que estava acontecendo. Andrei Passos afirmou que ela não podia fazer perguntas que não eram dela, a não ser que o ministro Toffoli consignasse em ata que aqueles questionamentos haviam sido formulados por ele, e não pela delegada. O que dizem fontes próximas Interlocutores da PF, do Banco Central e do gabinete do ministro ouvidos reservadamente pelo blog confirmaram as divergências. No Banco Central e na PF, a informação passada por esses interlocutores confirmava a posição da delegada Janaína Palazzo de que ela foi com a orientação de seguir a ordem recebida pela PF, de fazer apenas a acareação. E de que ela só admitiu fazer as perguntas de Toffoli depois que o ministro aceitou que fosse registrado que aquelas indagações eram dele. Interlocutores do ministro Dias Toffoli garantem que ele havia decidido antes desta terça-feira (30) que a delegada deveria tomar depoimentos dos três antes de uma eventual acareação, que seria feita apenas se surgissem contradições entre eles. Diante da resistência da delegada, interlocutores de Toffoli confirmam que ele mandou registrar que ele havia determinado a tomada de depoimentos. Em relação às perguntas, os interlocutores do ministro reconhecem que ele passou, por meio do seu juiz auxiliar, uma relação de perguntas que deveriam ser feitas aos depoentes. E que a delegada acabou aceitando fazer as perguntas com a ressalva de que aquelas eram do ministro, e não dela. No gabinete do ministro, a informação passada foi de que a delegada fez todas as perguntas, inclusive as que ela considerava necessárias. Depois da fase de tensão, a delegada colheu os depoimentos de Daniel Vocaro, Paulo Henrique Costa e Ailton de Aquino Santos. O diretor do BC, ao final, foi dispensado da acareação pela delegada.