No último dia 16, o piloto Luiz Ricardo Leite Amorim, de 40 anos, enviou dois vídeos ao amigo, o advogado Hélio Faria, nos quais falava sobre a decisão de passar a viver no Rio de Janeiro. Em uma das gravações, Amorim filmou a Praia do Leblon, na Zona Sul, sobre a qual sobrevoou na tarde de sábado (27/12), antes de o avião que pilotava cair na vizinha Praia de Copacabana. O corpo dele permanece no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio. 'Não tinha família aqui, só um filho de seis anos na Suíça', diz amigo de piloto morto em queda de avião em Copacabana Entenda: Acidente fatal com aeronave em Copacabana pode estar relacionado ao tamanho da faixa que ela puxava Segundo o amigo, Amorim adorava viajar e já havia morado na Suíça e na Itália antes de decidir fincar raízes no Rio, há cerca de duas semanas. Ele escolheu morar na Zona Sul e, ao avistar o Cristo Redentor da janela de um dos apartamentos que visitou, decidiu alugá-lo. Essa cena aparece no segundo vídeo gravado por ele e enviado a Hélio. A imagem também coincide com uma tatuagem feita no braço esquerdo, símbolo de sua paixão pela cidade. Piloto que morreu em Copa filmou praia uma semana antes No peito, ele carregava outra tatuagem: o rosto do filho, um menino de 6 anos. Apenas nesta terça-feira (30/12) amigos conseguiram localizar a criança, que vive com a mãe na Suíça. Será autuada: Empresa de aeronave que caiu na praia de Copacabana não tinha autorização para fazer propaganda exibida neste sábado A advogada e amiga de Amorim, Paola Almeida, acompanha os trâmites para a liberação do corpo do piloto. Para isso, ela conseguiu identificar uma tia dele, que mora na Itália. Segundo Paola, a parte burocrática está sendo resolvida e, em breve, o corpo deverá ser liberado para cremação no Rio. — Estamos aguardando autorização judicial para que a cremação seja realizada. É o mínimo que poderíamos fazer por ele, que sempre foi tão amoroso e querido. Juridicamente, tudo precisa ser resolvido por meio de um familiar consanguíneo, o que acaba dificultando o processo por conta da distância. Mas o importante é que tudo está sendo finalizado para proporcionar uma despedida digna, como ele merecia — afirmou. Paola também cuida do inventário da mãe do piloto, que morreu em 2020. Por isso, após o recesso, ela pretende habilitar o filho de Amorim no processo, para que o menino possa receber a herança. A ideia é que os recursos contribuam para a sua educação. — Costumamos dizer que o Luiz era um cidadão do mundo. Ele estava radiante, muito feliz. Amava o Rio de Janeiro. Já morou em vários países e sempre quis se estabelecer aqui. Amava o mar, os esportes, enfim, tudo o que a cidade reúne. Inclusive, dias antes, mandou mensagens comemorando essa nova fase e convidando amigos para visitá-lo — relembrou. Paixão pelo Rio de Janeiro tatuado no braço do piloto Luiz Ricardo Amorim Reprodução Paola soube da morte do amigo por meio de uma ex-namorada dele e, em seguida, confirmou a informação pelas notícias em sites. — O Luiz era uma pessoa incrível, um coração que poucos têm o privilégio de conhecer. É uma perda enorme — lamentou ela, que cresceu com o rapaz em Goiânia, no estado de Goiás, terra natal do piloto. O acidente ocorreu quando Amorim sobrevoava a Praia de Copacabana em um monomotor que rebocava uma faixa de propaganda. De acordo com a Visual Propaganda Aérea, empresa proprietária da aeronave, aquela foi a primeira vez que o piloto realizou esse tipo de operação. O avião saiu do Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste, e cruzado a orla da Zona Sul. A empresa informou que ele estava habilitado e havia passado por treinamento específico. Piloto que morreu em queda de avião visitou praia de Miami Segundo a advogada, Amorim era piloto "havia muitos anos" e também atuava como instrutor de voo de helicóptero. — Ele trabalhou em vários países da Europa, inclusive na Ryanair (companhia aérea irlandesa de baixo custo, que voa na Europa). Recentemente, fez diversos cursos em São Paulo e, por último, em Juiz de Fora, voltados justamente para esse tipo de voo comercial de publicidade. Somente após a conclusão das investigações será possível entender o que realmente aconteceu. É muito cedo para levantar hipóteses, mas não há nenhuma dúvida de que ele era um profissional extremamente dedicado — afirmou Paola. PF planeja terceira fase da Operação Unha e Carne baseada em dados extraídos de celulares de Bacellar e desembargado O Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III) — órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) — apura o acidente. Peritos aplicaram técnicas específicas para a coleta e confirmação de dados, preservação de elementos e verificação inicial dos danos causados à aeronave ou por ela, além do levantamento de outras informações necessárias à investigação. A Polícia Civil do Rio também apura o caso, mas depende do resultado da perícia.