Jovem que atropelou e matou namorado e amiga enviou outras mensagens com ameaças: 'Cortar seu pescoço' e 'vai beijar o diabo'

Rapaz de 21 anos e amiga de 19 morrem atropelados pela namorada dele A jovem que perseguiu, atropelou e matou o namorado e a amiga dele em São Paulo enviou mais mensagens por WhatsApp com ameaças para outras pessoas, cerca de 5 horas antes. Esses textos também fazem parte do inquérito policial que investiga o caso (veja fotos abaixo). Geovanna Proque da Silva, de 21 anos, está presa preventivamente pelos assassinatos de Raphael Canuto da Costa, de 21, e Joyce Correa da Silva, de 19. Segundo a polícia, a estudante de medicina veterinária teve a intenção de matar os dois movida por ciúmes do namorado. Os crimes foram cometidos por volta das 3h da madrugada do último domingo (28) na Rua Professor Leitão da Cunha, no Parque Regina, Zona Sul da capital. Câmeras de segurança gravaram o atropelamento (veja vídeo acima). O carro dela atingiu a traseira da moto onde as vítimas estavam. Segundo testemunhas, perto das 20h de sábado (27), a estudante de medicina estava no churrasco na casa do namorado, mas resolveu sair de carro para fazer as unhas. Geovanna enviou mensagens com ameaças cerca de 5 horas antes de atropelar e matar namorado e amiga dele Reprodução/Arquivo pessoal Mas por volta das 22h, ela começou a enviar mensagens de texto a algumas pessoas que estavam na festa. Pedia para retirarem do local mulheres que ela não conhecia e teriam ido para lá. "Se eu for aí essa faca de picanha vai cortar seu pescoço", escreveu Geovanna para uma pessoa. Segundo testemunhas, a ameaça foi direcionada a Raphael, que não estava atendendo ao telefone e nem respondia as mensagens dela. "Eu cansei de ficar sozinha. Inferno. Engraçado que antigamente não tinha correria que fizesse parar de me responder. Você me odeia?", enviou a estudante para ele, segundo depoimentos dados à polícia. Rafael trabalhava como gerente numa churrascaria. Ele e Geovanna se conheciam há mais de um ano, mas só há um mês estavam namorando oficialmente, segundo amigos do casal. "Vai beijar o diabo. Tô puta", escreveu a jovem. De acordo com testemunhas a mensagem também foi para Raphael ver. Geovanna mandou mensagens de WhatsApp para colega para ameaçar namorado Reprodução/Arquivo pessoal Na segunda-feira (29) o g1 já havia mostrado que a estudante enviou mensagens depois das 2h de domingo, com ameaças para pessoas na festa, mesmo após afirmarem que essas mulheres eram amigas de Raphael e não tinham envolvimento amoroso com ele. Em uma das mensagens, Geovanna escreveu para uma conhecida que tinha de retirá-las dali "por bem ou por mal". E que, se ela não fizesse isso, ela mesma iria para lá "quebrar ele e tudo que tem aí". As conversas estão no inquérito policial do caso. Em depoimento à polícia, a médica Gabrielle Schneid de Pinho, madrasta de Geovanna, contou que a enteada a acordou para ir com ela de carro até a casa de Raphael por suspeitar que haviam mulheres no local. E que chegando lá, a estudante discutiu com o namorado, que a segurou e a impediu de entrar. A médica disse no 37º Distrito Policial (DP), Campo Limpo, que "aceitou ir junto com ela por preocupação" porque queria "cuidar" da enteada. Segundo ela, Geovanna tinha "transtornos psiquiátricos" e usava "medicamentos" para tratar de "depressão e bipolaridade". A madrasta falou ainda que Geovanna tinha "problemas de relacionamento" com Raphael "motivados por traições e ciúmes". Geovanna Proque da Silva (ao centro) atropelou e matou o namorado Raphael Canuto da Silva (à esquerda) e Joyce Correa da Silva, amiga dele (à direita) Reprodução/Arquivo pessoal Em seguida, segundo Gabrielle, elas foram embora de carro, mas Raphael saiu de moto e as seguiu. De acordo com a polícia, ele passou numa adega próxima e deu carona a Joyce. Quando a estudante viu os dois juntos, decidiu segui-los. "Desde o momento em que Geovanna passou a perseguir Raphael em alta velocidade, pedi a ela incessantemente que parasse o carro", disse Gabrielle, que é companheira da mãe da acusada. Mas, segundo a madrasta, "Geovanna não dizia nada e somente dirigia atrás de Raphael". Nas imagens é possível ver o carro dirigido por Geovanna acelerar e bater na traseira da moto pilotada por Raphael; Joyce estava na garupa da motocicleta. Com o impacto, os dois foram arremessados cerca de 30 metros e morreram no local, que fica perto da churrascaria onde Raphael trabalhava como gerente. O automóvel guiado por Geovanna ainda atropelou um pedestre, que ficou ferido, e bateu em dois outros veículos. Em seguida falou que foi retirada do veículo por uma pessoa. Mas depois passou a ser agredida por outra, que "atirou um chinela em sua direção", enquanto um homem "dizia que devia ser fuzilada". E que, "por receio e medo não tentou ajudar a socorrer as vítimas" pois "teve medo de sofrer linchamento". Policiais da delegacia ouvidos pelo g1 disseram que a madrasta não tem envolvimento com o atropelamento que matou Raphael e Joyce, mas que, poderá ser investigada se cometeu o crime de omissão de socorro. Procurada pelo g1 para comentar o assunto, a médica disse que "não farei manifestações por agora." Ela pediu que a equipe de reportagem procurasse sua defesa, que não retornou os contatos feitos. Geovanna Proque está detida preventivamente na Penitenciária Feminina de Santana, na Zona Norte de São Paulo Reprodução Geovanna foi presa em flagrante e indiciada por homicídio doloso duplamente qualificado — por motivo fútil e emboscada —, além de lesão corporal na direção de veículo automotor. A Justiça decretou a prisão preventiva dela, que está detida na Penitenciária Feminina de Santana. Segundo testemunhas, depois do ocorrido, a estudante chegou a dizer a conhecidos: "vai socorrer seu amigo e a vagabunda que eu acabei de matar". A motorista fugiu do local, mas passou mal e se sentou na calçada de uma rua próxima. Policiais militares a retiraram do local após moradores ameaçarem linchá-la. Segundo a PM, Geovanna ainda falou informalmente aos agentes que havia tomado antidepressivos, mas disse que tinha consciência do que fazia. Depois ela foi levada sob escolta para atendimento médico por conta de ferimentos superficiais no pescoço e braços. No hospital, Geovanna deu outra versão: disse aos médicos que não se lembrava do que ocorreu e que fazia uso de remédios contra depressão desde a adolescência. Mas quando foi para a delegacia, ela ficou em silêncio durante o seu interrogatório e indiciamento. A polícia aguarda o resultado dos exames toxicológicos. O g1 tenta contato com a defesa da estudante. O que se sabe sobre o caso da jovem presa após perseguir, atropelar e matar namorado e amiga dele em SP À esquerda, Citröen preto que estava estacionado na rua também foi atingido pelo impacto; à direita, Citröen prata usado para atropelar namorado e amiga dela Reprodução