O depoimento do banqueiro Daniel Vorcaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 30, foi marcado por tensão entre a Polícia Federal (PF), o Ministério Público Federal (MPF) e o gabinete do ministro Dias Toffoli. O dono do Banco Master criticou a atuação do Banco Central (BC) e disse ter sido “supreendido” com a liquidação da instituição financeira, a qual era “solvente” até aquela data. Durante três horas, Vorcaro respondeu a questionamentos na audiência conduzida pela delegada da PF Janaína Palazzo, responsável pelo pedido de prisão feito em novembro. O banqueiro negou qualquer irregularidade em sua gestão e reforçou que não houve inadimplência nem quebra de compromissos financeiros pelo Master, conforme apurado pelo jornal O Estado de S. Paulo . + Leia mais notícias de Economia em Oeste O clima entre os envolvidos ficou acirrado antes mesmo do início dos depoimentos, com discussões sobre o procedimento a ser adotado, segundo o jornal O Globo . Delegados da PF, procuradores da República e o juiz auxiliar Carlos Vieira von Adamek, ligado ao ministro Dias Toffoli, discordaram sobre o rito da audiência, já que oficialmente havia apenas autorização para acareação entre os investigados . Câmeras de segurança flagram o momento em que Daniel Vorcaro é preso no Aeroporto de Guarulhos (SP) | Foto: Reprodução/G1 Diante da ausência de despacho formal para depoimentos, foi preciso contato direto com o ministro Toffoli, que autorizou oralmente a realização das oitivas. Tanto a delegada quanto o procurador do BC solicitaram o registro dessa alteração nos autos, o que foi atendido. Depois do início das perguntas, Adamek apresentou à delegada uma lista adicional de questões elaboradas por Toffoli, incluindo 21 sobre o papel do BC. Entre elas, o ministro queria saber se Vorcaro considerava que o regulador atuou com a celeridade necessária e se houve falha na supervisão prudencial. Só depois de nova autorização essas perguntas foram registradas. Vorcaro critica BC por atrapalhar negócio do Master Ao longo do interrogatório, Vorcaro criticou duramente o BC, alegando que a liquidação do Master , em 18 de novembro, ocorreu logo depois de ele apresentar uma proposta de venda da instituição a investidores dos Emirados Árabes Unidos. Ele afirmou que a decisão do BC inviabilizou uma solução de mercado para os problemas financeiros do banco. Segundo Vorcaro, a polêmica venda de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado ao Banco de Brasília (BRB) não gerou prejuízo ao banco público, pois houve substituição dos ativos com deságio de 30% para recomposição do patrimônio do BRB. “O BRB não teve nenhum prejuízo” na transação, alegou. Um segurança permanece de guarda em frente ao Banco Master, depois da prisão do acionista controlador da instituição financeira, o empresário Daniel Vorcaro, em São Paulo, Brasil, em 18 de novembro de 2025 | Foto: Reuters/Amanda Perobelli A PF, no entanto, suspeita que Vorcaro tenha manipulado informações sobre a origem dos créditos para enganar órgãos de fiscalização e que a operação teria sido articulada apenas para socorrer o Master, sem garantias técnicas adequadas. O banqueiro destacou também aportes pessoais de R$ 6 bilhões para enfrentar a crise de liquidez do banco. Depois dos depoimentos, Vorcaro e o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, participaram de acareação para esclarecer divergências entre suas versões. A lista de perguntas preparada para o diretor de fiscalização do BC, Ailton Aquino, acabou não sendo utilizada, pois ele foi dispensado da acareação. “Os depoimentos de hoje, especialmente o depoimento do Daniel, serviram para esclarecer a verdade dos fatos e a acareação deixou evidente que não houve nenhuma fraude tendo como vítima o BRB. Isso não aconteceu, o BRB não teve nenhum prejuízo e essa verdade ficou cabalmente demonstrada”, afirmou o advogado de Vorcaro Sérgio Leonardo ao Estadão . O post Depoimento de Vorcaro ao STF é marcado por embates; veja os bastidores apareceu primeiro em Revista Oeste .