'Templo da felicidade e do prazer': Conheça o Bahamas, boate de Oscar Maroni que colecionou casos polêmicos

No Bahamas Hotel Club, em Moema, zona sul de São Paulo, a frase “templo da felicidade e do prazer” recebe os visitantes logo na chegada, ao lado da indicação de propriedade do empresário Oscar Maroni, que morreu nesta quarta-feira aos 74 anos. A entrada já dita o tom da experiência: luxo, referências ao hedonismo e a proposta de ser um espaço dedicado ao entretenimento adulto. No salão principal, piso de mármore e um mastro de pole dance. Nas paredes, fotos de Maroni ao lado de personalidades como Mike Tyson. A casa tem ainda suítes temáticas com serviços de hotelaria, áreas comuns amplas e um lounge moderno, apresentados como um convite a casais liberais, homens e mulheres que frequentam o local. Além dos quartos, o clube oferece serviço de bar e gastronomia, com pratos sofisticados, drinks, vinhos e carta de charutos. A proposta, segundo a comunicação institucional do espaço, é combinar conforto, privacidade e sensualidade, seguindo a filosofia do proprietário de proporcionar prazer e bem-estar aos frequentadores, com “discrição”, diz uma publicação no Instagram. A trajetória do Bahamas, no entanto, também é marcada por controvérsias judiciais. Em 2011, a 5ª Vara Criminal de São Paulo condenou Oscar Maroni a 11 anos e oito meses de prisão pelos crimes de favorecimento à prostituição e manutenção de local destinado a encontros libidinosos, no caso, o Bahamas. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, no espaço aconteciam encontros libidinosos, onde trabalhavam de forma habitual garotas de programa. Os encontros aconteciam nas suítes que ficavam dentro do próprio estabelecimento, que fazia desses encontros sua principal atividade econômica. Segundo a denúncia apresentada à época, mulheres eram atraídas com promessa de lucro, recebiam cerca de R$ 300 por programa e cumpriam jornadas de até oito horas diárias, sob fiscalização para reduzir o tempo com os clientes. Em 2013, no entanto, Maroni foi absolvido em segunda instância. Os desembargadores entenderam que não houve favorecimento à prostituição nem manutenção de casa de prostituição, acolhendo depoimentos de garotas que afirmaram não existir relação financeira entre elas e o empresário, apenas o uso do local para encontrar clientes. Em 2016, Maroni anunciou que distribuiria cerveja gratuitamente no estabelecimento para comemorar uma eventual prisão do ex-presidente Lula, afirmando ter milhares de bebidas já reservadas para a ocasião. Já em 2021, durante a pandemia de Covid-19, o empresário aceitou pagar R$ 10 mil ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad) após a realização de uma festa clandestina no local, em março daquele ano. O acordo foi proposto pelo Ministério Público para encerrar um processo por crime contra a saúde pública. Saudado pelo perfil do Bahamas no Instagram como "ícone incontestável da noite paulistana", Oscar Maroni, ainda segundo a postagem, "marcou gerações ao transformar a cena noturna de São Paulo". A causa da morte não foi revelada. O empresário havia sido diagnosticado com Alzheimer e no último ano estava internado em uma casa de repouso na capital paulista. Velório e enterro serão restritos a amigos e familiares.