O Banco Regional de Brasília (BRB) não conseguiu recuperar R$ 2,5 bilhões investidos na compra de carteiras de crédito do Banco Master, de Daniel Vorcaro, após a operação frustrada de compra da instituição. A informação foi dada pelo ex-presidente do banco público Paulo Henrique Costa, durante acareação realizada na terça-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF). Seguneo Costa, o processo para reavaer os recursos foi interrompido com a decretação de liquidação do Master pelo Banco Central (BC). O BRB comprou R$ 12,7 bilhões em carteiras de crédito do Master, que foram consideradas inconsistentes pelo BC. O banco de Vorcaro, então, passou a trocar esses ativos, em tum total de R$ 10,2 bilhões, faltando, portanto, R$ 2,5 bilhões. O diretor de fiscalização do BC, Ailton de Aquino, também foi ouvido ontem no STF, mas foi dispensado de participar da acareação. A Polícia Federal queria confrontar as informações de Vorcaro e Costa sobre esse procedimento de substituição das carteiras. A transação entre o BRB e Master é alvo da Operação Compliance Zero, da PF. A compra das carteiras de crédito era parte de um negócio mais amplo, que seria a compra do Master pelo BRB, rejeitada pelo BC no início de setembro. A decretação da liquidação ocorreu em novembro. Em nota, o BRB informou que "aguarda a conclusão de apuração relacionada a eventual prejuízo no BRB para avaliar o cenário e tomar as medidas necessárias". A instituição lembra que os detalhes estão sendo apurados em um auditoria tocada pelo escritório Machado Meyer Advogados, com suporte técnico da Kroll Associates Brasil. "O Banco reafirma sua robustez e ressalta que, dos R$ 12,76 bilhões mencionados pela imprensa, referentes à exposição bruta com documentação fora do padrão, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos; o restante não representa exposição direta ao Master. Todo o processo de substituição de carteiras e adição de garantias, previsto em contrato, foi reportado e acompanhado pelo Banco Central", diz o BRB, em nota. Segundo pessoas que acompanharam os depoimentos, apesar de não recuperar parte das carteiras de crédito, apontadas como fraudulentas pela investigações da PF, Costa assegurou que não há risco de o BRB registrar prejuízo, pois há R$ 1,7 bilhão em títulos do governo norte americano em liquidação e mais R$ 9 bilhões em garantias adicionais. A PF queria confrontar as informações de Vorcaro e Costa sobre processo de substituição das carteiras de crédito falsas. Após o BC apontar inconsistências nas carteiras de crédito compradas pelo BRB, o Master ofereceu ao banco estatal do Distrito Federal a possibilidade de substituir esse investimento por outros ativos do banco. A PF suspeita, contudo, que o potencial prejuízo ao BRB pode ser maior, porque cerca de R$ 5 bilhões em ativos do Master oferecidos ao BRB não possuem liquidez. No entanto, Costa teria alegado que esses outros ativos podem ser desenvolvidos ou vendidos e gerarem resultado, porque foram trocados com desagio de 30%. Em nota, o advogado de Costa, Cléber Lopes, afirmou que “não houve contradições” entre os depoimentos e disse que foram “percepções distintas sobre os mesmos fatos”. “A acareação realizada foi breve e suficiente para esclarecer essas diferenças. Paulo Henrique Costa foi ouvido por mais de duas horas, respondeu a todos os questionamentos e sempre destacou que sua atuação se deu no âmbito de decisões técnicas, colegiadas e formalmente documentadas, indicando os registros que comprovam a correção e a regularidade de sua atuação como presidente do banco BRB”, afirmou.