Ainda estava claro, não eram nem cinco da tarde, mas o padre mandou e todo mundo obedeceu. Em cima do palco montado entre as ruas Bela Cintra e Haddock Lobo, na Avenida Paulista, o Padre Marcelo Rossi pediu que a multidão ligasse a lanterna do celular e levantasse o aparelho para cantar o louvor "Força e vitória", cujo refrão diz: "Nada poderá me abalar". "Profetiza! Declara!", incentivou o padre, a terceira atração do Réveillon da Paulista, que, este ano começou com shows religiosos. Antes do Padre Marcelo, apresentaram-se a Comunidade Católica Colo de Deus e Frei Gilson. Em frente a um telão onde se via imagens estilizadas da Catedral da Sé, o Padre Marcelo se despediu do público com o maior sucesso da sua carreira: "Erguei as mãos" (aquela música que diz "o Senhor tem muitos filhos"). A multidão cantou e dançou. O público religioso de fato compareceu e por todo lado se via gente com camisetas escrito "Jesus", "católico" ou "foi por você" (em referência à morte de Cristo na cruz). Padre Marcelo Rossi reuniu uma multidão de fieis no fim da tarde no Réveillon da avenida Paulista Maria Isabel de Oliveira Shows, transporte e segurança: o que você precisa saber para aproveitar o ano-novo na Paulista A baiana Marileia Silva Santos, que vive na capital paulista há 30 anos, foi só para ver os shows católicos. Ela, que estava vestida de rosa, aproveitou para fazer um protesto. Levantou um cartaz em apoio ao Padre Júlio Lancellotti, famoso por sua dedicação às causas sociais, que recentemente foi proibido pela Igreja de transmitir suas missas nas redes sociais. O cartaz dizia de Marileia dizia: "Padre Júlio, seus olhos enxergam e seu coração alivia a dor e o sofrimento de muitos. Obrigado por existir". -- Vim protestar contra a mistura de religião com política. Por que o Padre Júlio está sendo censurado e não pode postar nas mídias sociais? Por causa de interesses políticos. A religião trabalha com a mente e a espiritualidade das pessoas, não pode misturar com a sujeira da política. É cada um no seu quadrado. Olha o que aconteceu com os evangélicos -- disse a baiana, ressaltando que "religião é amor, fraternidade e cuidado do próprio". Os amigos Giovana Oliveira Campos, Maria Jaianny Siqueira Diogo e Daniel Oliveira Ferreira também chegaram cedo para ver os shows católicos. Mas estavam ansiosos mesmo era para ver João Gomes. -- Eu virei fã dele em 2022, quando fui para Pernambuco. Na época, ele só cantava piseiro. Gosto muito das músicas, ele é foda -- elogia Daniel, que veio de Salto, no interior de São Paulo. Os amigos Giovana Oliveira Campos, Maria Jaianny Siqueira Diogo e Daniel Oliveira Ferreira aguardavam o show de Joao Gomes Maria Isabel de Oliveira Daniel e Giovana, que estavam de branco (ele é santista, mas escolheu uma camisa do Bahia para passar a virada), pretendiam ir embora depois do show de João Gomes. Mas Maria Jainny (de preto, "porque combina com tudo") queria convencê-los a ficar até o fim da festa. Ela só vai embora às 3h, quando o marido, policial militar escalado para trabalhar no réveillon da Paulista, largar o trabalho. Ela está animada para ver o show de Maria e Maraísa, marcado para as 20h. João Gomes subiu no palco às 17h30 e botou o público para dançar com hits como "Se for amor" e "A noite" -- Esse ano foi muito especial para mim por causa do nascimento do meu filho. Quando gente tem alguém por quem lutar tudo fica mais fácil. Dê um abraço aí no seu amigo e diga que ele é muito especial. Hoje começa um novo ciclo na sua vida, um ciclo de muita bênção. A vitória do seu irmão também é sua, não se esqueça disso -- afirmou o cantor, que também cantou músicas do seu último álbum, "Dominguinhos", vencedor do Grammy Latino. -- Dedico esse prêmio a todos os nordestinos! Os shows acontecem num palco de 17 x 20 metros, com painel de LED e a previsão é que tenham 14 horas de duração. Ao longo da avenida, dez torres de vídeo transmitem os shows sem interrupção. Também sobem no palco o pagodeiro Belo, a dupla Maiara e Maraísa, a sertaneja Ana Castela, que será seguida por Simone Mendes, a responsável pela contagem regressiva de ano-novo. Depois de um intervalo de 15 minutos para a queima de fogos silenciosos, Simone volta ao palco. Às 1h40 do dia 1º de janeiro, Latino assume a festa e comanda o último show da noite. Entre um show o outro, DJs assumem o palco. Para montar o line-up da festa, a organização do réveillon da Paulista considerou pedidos e pesquisas de gêneros mais consumidos pelo público. Uma pesquisa da JLeiva em parceria com a Fundação Itaú apontou o sertanejo e forró como os ritmos musicais preferidos em São Paulo, reunindo 54% da preferência, seguido da música gospel, com 21%.