Joelma se alegra em ver como “a mulherada de hoje está forte demais, em todos os ritmos, em todas as áreas”. O que se reflete na escalação da música paraense para The Town e Amazônia Live. — Foi uma conquista na raça, nós tivemos que lutar muito, mostrar que éramos capazes. Hoje, a gente está com quatro gerações do Norte do Pará — diz ela, prometendo “um espetáculo paraense, com toda a nossa musicalidade, que é versátil demais”, organizado para o quarteto Joelma-Onete-Gaby-Zaynara por Diego Ramos, diretor musical de sua banda. — Tem carimbó, tem tecnobrega, tem calipso, tem cúmbia, merengue. É muita riqueza, e é isso que a gente vai mostrar. A cantora se diz animada com novidades da música paraense, como o beat melody e o rock doido (novidades que, por sinal, a amiga Zaynara, de 24 anos, tem levado para os grandes centros do Brasil). — A gente sempre misturou muita coisa. Tem um calipso que parece mais rock do que calipso, né? Umas guitarras com distorção, muito corte, muita bateria. Muita coisa que quero levar para esse show — adianta a artista, lembrando que o Pará é muito voltado para música latina e influenciado por gêneros que vêm das Guianas, desde quando eles chegavam ao estado por estações de rádio. — Temos uma música chamado soca, que é um dos ritmos que gravo. Um merengue mais acelerado que as aparelhagens divulgam muito lá em Belém. Joelma reclama de preconceito que havia com o brega do Pará, mais alegre e dançante do gênero que foi batizado com o mesmo nome no Nordeste. — Quando a gente começou a tocar com outras bandas, o pessoal perguntava: “Que ritmo você toca?” Aí os dançarinos diziam “É brega!” E o pessoal: “Ah, igual ao do Falcão?” (risos) — recorda a artista. — Eu ouvi aquilo, reuni a galera e disse: “Vocês não vão mais falar isso. Quando perguntarem o que é que a gente toca, qual é o nosso ritmo, vocês vão dizer: calipso!” Cantora que já gravou com Joelma (na versão ao vivo de “Aquele alguém”) e com Gaby Amarantos (em “Mulher da Amazônia”), Zaynara celebra o encontro com as duas no The Town e no Amazônia Live, ressaltando a diferença musical entre elas. — Eu tenho o meu beat melody caminhando e Joelma tem o calipso e toda sua irreverência em cima do palco. Uma das coisas que com certeza fortalece a gente são essas particularidades. A força que cada uma tem e que, unindo tudo, chega a mais lugares. Com todo o trabalho que a gente tem feito, vão se abrir caminhos para mais artistas, porque tem muita gente boa no Pará. Linguagem renovada Gaby também se mostra animada com a multiplicidade (feminina) da música paraense que, em boa parte, estará representada nos palcos dos festivais. — Cada uma tem ali a sua forma de comunicar. É muita diversidade, porque tem muita coisa nessa Amazônia. A gente nunca pode ter uma representante só. Quero estar no palco cantando com elas — defende. — As meninas (no caso de Zaynara), elas trazem essa renovação da linguagem, que é muito moderna, para as pessoas também verem o quanto que a gente é tecnológico, e o quanto que a gente consegue ser sublime com todo o nosso afro-ribeirinho-futurismo.