Alexandre Nero sempre foi um 'porra louca, solto na vida, sem lugar', como definiu em entrevista ao videocast 'Conversa vai, conversa vem' (no ar no Youtube do jornal OGLOBO). Aos 55 anos, casado e pai de dois filhos, o ator ainda busca se entender dentro dessa configuração. O intérprete do vilão Marco Aurélio assumiu que não tem sido fácil envelhecer. Leia abaixo o trecho do bate papo. Vai fazer 56 anos. Está de boa com o envelhecer? Achava que ia ficar de boa, mas quando a gente começa a envelhecer... Sempre fui o cara que aparentava ser o mais novo da turma. Aos 20, todo mundo tinha barba e eu não. Fui o último a ter pelo pubiano. Sempre achei que eu ia demorar muito pra envelhecer. Acho até que estou muito bem. Mas o corpo começa a responder. Não acordo mais sem dores, tomo remédio para colesterol. Comecei a fazer exercício pesado porque não conseguia segurar meu filho no braço e estava pré-diabético. Como não vou morrer mais (risos), precisava me cuidar. Mas comecei a me olhar e... cara, tá caindo, realmente, tô envelhecendo. Confesso que isso começou a me pegar. Assusta. E é todo um contexto. Essa nova personalidade que tenho que entender, me compreender: pai, casado, velho... Sempre fui um porra louca, solto na vida, sem lugar. Agora, preciso me encontrar: quem sou eu nesse lugar? É uma busca. Alexandre Nero Guito Moreto Para Marco Aurélio, você tirou a barba, botou a cara para jogo e já saíram dizendo que você fez botox e outros procedimento... Fez? E como é isso de ficaram falando sobre a sua aparência? Eu só tirei a barba. Mais mérito meu ainda, porque há quantos anos não existe um galã sem barba nessa televisão brasileira? Acho chato ficarem falando da aparência dos outros. As mulheres sofrem muito mais com isso. Mas, olha, eu só passei uma maquiagenzinha. Tenho uma olheira pesada e falei: "Karen (Brusttolin, figurinista , companheira do ator) me ajuda aqui". Tony Ramos Carolina Doieckmmann: Voltando à maturidade, ela parece ter te deixado mais brando nas rede sociais... Era mais bélico, né? Isso tem a ver com entender o seu lugar. Não entendia. Era o cara que tacava fogo no parquinho. A minha foto na "Rolling Stone" era com uma granada na boca . Todo mundo adorava, porque eu falava tudo. Mas o peixe morre pela boca. Tenho uma responsabilidade grande, meus filhos, muitas pessoas ao redor, o que eu falo amplifica muito. Tem que ter responsabilidade, respirar fundo, não falar qualquer coisa. Trabalhar a paz interior para lidar com haters e conseguir engolir absurdos... Discurso de ódio eu não ligo, não me pega, porque a frustração é mais da pessoa. Me divirto nas redes. Virou um lugar de autopromoção. Sempre foi, né? Todo mundo tá ali vendendo alguma coisa. Seja de morango do amor ou "olha como eu sou inteligente", "olha como tenho um movimento, um posicionamento". Todo mundo vendendo uma imagem. Não é só o cara que tira foto sem camisa que quer biscoito. Todo mundo, qualquer postagem, quer biscoito. A grande sacada do Instagram é essa: o ser humano tem uma vaidade gigantesca.