Fundador do Pasquim, Jaguar ficou 22 anos na publicação

O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, morreu neste domingo, aos 93 anos. Jaguar estava internado com pneumonia no Copa D’Or, no Rio, há três semanas. A morte do cartunista foi confirmada ao GLOBO pela viúva, Celia Regina Pierantoni. Um dos fundadores do Pasquim, jornal satírico que enfrentou a ditadura militar, ele contribuiu para a publicação ao longo de 22 anos. Morre Jaguar: famosos lamentam e lembram histórias marcantes do cartunista Leia também: Luis Fernando Verissimo segue em 'estado grave', afirma boletim médico Ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral, fundou a publicação em 1969. Irreverente e combativo, o jornal marcou a imprensa alternativa que floresceu à sombra ditadura militar e congregou alguns dos maiores expoentes do jornalismo e das artes brasileiras, como Millôr Fernandes e Ziraldo, Henfil, Pauloi Francis e Sérgio Augusto. Jaguar batizou o jornal e desenhou o símbolo do Pasquim, o ratinho sacana Sig (de Sigmund Freud), inspirado numa piada que arrancava risadas à época: “se Deus havia criado o sexo, Freud criou a sacanagem”. O cartunista foi único da equipe original a permanecer no semanário até a última edição, em novembro de 1991. No ano anterior, a turma do Pasquim havia sido homenageada pela escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz com o enredo “Os heróis da resistência”. 'Tive uma vidinha boa' Mês passado, durante as comemorações do centenário do GLOBO, Jaguar posou para um ensaio fotográfico da revista ELA dedicado a nonagenários (e centenários). Na ocasião, deu sua última entrevista. “Tive uma vidinha boa. Não me aprofundava em meditações, ia vivendo o momento”, disse, acrescentando que ainda seguia a mesma filosofia. “Não planejo o futuro nem lamento nada do que fiz.” Initial plugin text Carioca nascido em 29 de fevereiro de 1932, Jaguar começou sua carreira desenhando para revista Manchete em 1952. Adotou seu famoso pseudônimo por sugestão do cartunista Borjalo. À época, Jaguar trabalhava no Banco Brasil, subordinado ao cronista Sérgio Porto, que o convenceu a não abandonar o emprego para se dedicar exclusivamente à carreira no humor. Nos anos 1960, Jaguar se consagrou como um dos principais cartunistas da revista Senhor e colaborou também para a Revista Civilização Brasileira, a Revista da Semana, a Pif-Paf e os jornais Última Hora e Tribuna da Imprensa. Em 1968, lançou seu primeiro livro, “Átila, você é bárbaro”, um sucesso instantâneo, que, com ironia, combatia o preconceito, a ignorância e a violência. “Comparado com os vândalos de hoje, Átila não passa de um doce bárbaro”, afirmou o autor. O cronista Paulo Mendes Campos descreveu a obra como “um livro de poemas gráficos”.