Se você estiver em um bar em St. Barth e começar a tocar “Sweet Caroline”, de Neil Diamond, poderá rapidamente identificar os locais à sua volta. Eles cantarão, com todo o entusiasmo, versos como “Good times never seemed so good” (“bons tempos nunca pareceram tão bons”), da letra que elegeram como espécie de hino informal da ilha caribenha. O romance primaveril narrado pelo músico americano, de fato, tem tudo a ver com o astral que paira sobre esse território ultramarino francês de 21 quilômetros quadrados: a população de quase 12 mil habitantes vive um verdadeiro caso de amor com tudo o que o lugar oferece, entre paisagens naturais e qualidade vida. Pense em aspectos como a proteção rigorosa ao uso do solo, que impede novas construções e preserva a natureza, e em uma legislação que proíbe imóveis com mais de dois andares. O verde, portanto, impera, salpicado por casinhas coloridas com telhados marrons, num charmoso encontro de referências arquitetônicas europeias e caribenhas. Até mesmo veículos de grande porte são evitados, para não comprometer a fluidez das vias sinuosas e impecavelmente pavimentadas. Algumas suítes do Rosewood Le Guanahani têm piscinas privativa Divulgação A chegada à ilha é parte importante da experiência: por ar, você aterrissa no Aeroporto Gustaf III, cuja pista encurralada entre as montanhas e o mar só aceita aviões de pequeno porte. Emoção garantida e atenuada pelo visual. Uma das melhores opções é fazer a conexão a partir da vizinha St. Marteen (o voo dura cerca de 15 minutos). Também é possível fazer o trajeto de ferry. No meio dessa joia está o Rosewood Le Guanahani St. Barth, um refúgio com 66 acomodações, entre 29 quartos, 28 suítes e 9 bangalôs especiais, com diárias a partir de 850 euros (moeda oficial da ilha). Algumas têm piscinas exclusivas e, na maior parte, há vista para o mar. Pintadas em tons solares de cores como amarelo e azul, parecem casinhas em uma vila e ecoam a arquitetura local. O hotel oferece duas praias privativas mais duas piscinas. E, se o luxo mora nos detalhes, eles estão por toda parte: dos secadores Dyson nos quartos à quadra de tênis (a única em hotel na ilha), passando pelo spa, em que a espera pode ser feita na piscina restrita a adultos. Acomodações confortáveis são banhadas pela luz natural Divulgação O hotel também é referenciado pelo serviço de concierge, que cuida de todos os detalhes. “Começamos a nos preparar já no momento da reserva, entendendo o perfil de cada hóspede”, comenta o gerente, Thibaut Asso. Uma equipe sempre pronta para conectar os hóspedes às melhores atrações da ilha, dos passeios de barco ao restaurante Bonito, em Gustavia, um dos mais apreciados — e disputados — com o seu agradável encontro entre as culinárias francesa e pan-americana, assinado pelo chef Laurent Cantineaux. Há, ainda, uma gama de novidades para incrementar a estadia. É o caso da Experiência de Sobremesas por Julien Boury, em que o chef com passagens por cozinhas estreladas conduz os participantes por uma jornada entre doces cujas formas são finalizadas com ajuda de uma impressora 3D (80 euros por pessoa). Outro lançamento é a programação ligada às artes visuais, que exibe obras de artistas locais nas próprias instalações e conecta os hóspedes à essa produção por meio de visitas guiadas e acesso aos ateliês. O mar azul de águas cristalinas é um dos pontos altos da ilhas Divulgação Nomes que podem ser apreciados também na galeria Artists of St. Barth, em Saint Jean. Por lá, você encontra criadores como 3meel6 (ele prefere ser identificado assim), cuja tônica é a ironia. “Minha arte é um pouco sarcástica e divertida, gosto de questionar alguns clichês da sociedade”, diz, sobre as telas que abordam temas entre procedimentos estéticos e capitalismo predatório. A ilha é tax free e Gustavia, a área mais movimentada, é abarrotada de lojas de luxo, de Prada a Cartier. Entre as excentricidades, há um mercadinho que abre de madrugada, desde que o solicitante consuma, no mínimo, cinco mil euros. “Às vezes, um só cliente desfalca uma adega inteira”, conta a brasileira Jordana Gheler, que vive por lá, onde atua como operadora de turismo. “Também já vi gente gastar 200 mil euros numa festa de ano-novo.” Uma das praias privativas do hotel Divulgação Apesar da ostentação, ela garante que ainda há coisas que o dinheiro não compra. “Quem vive em St. Barth é muito preocupado com a preservação, não quer que vire um local devastado pelo turismo. Depois das 23h, não pode ter música alta. Se alguém insistir nisso, os vizinhos chamam a polícia. Há apenas duas casas noturnas que vão até mais tarde. É um clima mais família mesmo.” Um luxo silencioso. *O repórter viajou a convite do Rosewood Le Guanahani