Sede da ONG Arco-Irís (imóvel cinza) que o governo do RJ quer vender Reprodução A sede do Grupo Arco-Íris, ONG que atua há mais de 30 anos na defesa dos direitos da população LGBTQIAP+, está entre os 48 imóveis que o governo do RJ incluiu em um projeto de lei para leilão. A proposta, que visa arrecadar até R$ 1,5 bilhão, foi enviada à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e ainda precisa ser aprovada. O imóvel, localizado na Rua da Carioca, no Centro do Rio, foi cedido ao grupo em 2022 pelo próprio governo estadual, com contrato de uso por 20 anos. Desde então, a ONG arrecadou cerca de R$ 800 mil em doações para reformar o espaço, que hoje abriga 10 projetos sociais em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, a Uerj e outras instituições. O local também é sede oficial do Museu do Movimento LGBTQIA+. A possível venda preocupa integrantes do grupo, que temem perder a sede e os investimentos feitos. “Esse imóvel foi cedido temporariamente ao Grupo Arco-Íris quando estava em condições precárias, praticamente caindo aos pedaços. Com muito esforço, conseguimos apoio, doações e investimos mais de R$ 800 mil na reforma — recuperamos andares, tetos, encanamentos, tudo. Hoje, funcionam ali vários projetos, muitos em parceria com o estado, com a Uerj e com museus que ajudam a preservar a história do movimento LGBTQIA+. E agora, depois de todo esse trabalho, querem vender o imóvel?”, questiona Cláudio Nascimento, presidente do Grupo Arco-Íris. Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça Entre os projetos desenvolvidos estão ações de prevenção à saúde, capacitação profissional, empreendedorismo e inclusão no mercado de trabalho — com mais de mil pessoas atendidas nos últimos anos. Também fazem parte da lista de imóveis o Batalhão da Polícia Militar no Leblon, na Zona Sul, a Escola de Música Villa-Lobos e o Cine Íris, ambos no Centro da cidade. Em nota, a Casa Civil do RJ afirmou que o projeto tem caráter autorizativo e que, caso aprovado, caberá ao governo avaliar a necessidade e o prazo para eventual alienação dos imóveis. A pasta garantiu atenção especial a instituições que prestam serviços de relevante interesse social, como o Grupo Arco-Íris. “Garantiremos a continuidade das atividades dessas instituições”, diz o comunicado. A mobilização contra a venda já começou. O grupo busca apoio na Alerj para barrar a medida e manter a sede funcionando.