O senador Marcos do Val (Podemos-ES) descumpriu mais uma vez uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o proibiu de usar as redes sociais. O parlamentar é investigado por integrar um grupo que promovia uma campanha de intimidação contra policiais federais que atuam na investigação sobre a trama golpista. Na transmissão, de cerca de 1h30, Do Val disse sofrer perseguição política e mostrou o tornozelo sangrando pelo uso da tornozeleira eletrônica, imposta a ele pelo Supremo em 4 de agosto. Veja ainda: Defesa de Bolsonaro nega ao STF que ele tenha buscado asilo na Argentina e descumprido obrigações Malu Gaspar: Senadores pressionam por licença de Marcos do Val após decisão polêmica de Alexandre de Moraes Na live, Do Val questionou se o YouTube é uma rede social e desferiu ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes. — Senador da República, sem ter cometido absolutamente nenhum crime, não ter sido nem denunciado. Alexandre de Moraes tem a cara de pau e para não dizer a burrice de botar uma tornozeleira eletrônica num senador limpíssimo, sem rabo preso, sem histórico de crime nenhum — disse ele. — Que lei é essa que você inventou? O senador disse que gravou a transmissão de seu apartamento funcional ("não cortaram a luz ainda porque meus amigos senadores estão me ajudando", segundo ele), afirmou estar impossibilitado de receber doações Do Val mostrou um exemplar da Constituição brasileira ao criticar o ministro do STF. — É isso aqui que eu cumpro, Alexandre, não é decisãozinha que você tirou da sua cabeça de ovo dizendo que eu não posso falar em rede social. Me censura — afirmou. — Os 41 senadores que assinaram seu impeachment, e os outros cagões que não foram atrás, sabem que você é um bandido. Quem está violando a Constituição é você, Alexandre, não o senador eleito pelo povo. Você teve nenhum [voto] e vem querer dizer que eu tenho que seguir lei que você inventou. Você se fodeu em todas as leis, inclusive a Magnitsky [rol de sanções financeiras dos EUA]. Durante a live, Do Val disse que a "pior coisa é subestimar o inimigo" e mostrou um suposto pacote entregue a ele pelas autoridades americanas. Sem apresentar provas, ele disse que o item teria sido trazido por um avião de Washington que pousou em Brasília e que teria vetado a entrada de agentes da alfândega brasileira. O senador ainda afirmou que Moraes estaria sendo processado em tribunais internacionais e citou lealdade a Jair Bolsonaro, com alegações, sem provas, de que as eleições de 2022 teriam sido fraudadas. Na tarde de sexta-feira, o senador já havia descumprido a decisão judicial e aberto uma live. voltou a descumprir decisão judicial e abriu uma live em suas redes sociais na tarde desta sexta-feira. Ao impor o uso da tornozeleira a Do Val, Moraes abriu uma exceção à própria decisão, que impõe a obrigação de recolhimento domiciliar das 19h às 6h. Em um despacho complementar, o ministro estabeleceu que o senador pode ultrapassar o horário para participar de sessões ou votações na Casa Legislativa. Para isto, o parlamentar precisa justificar, sempre, a ida ao STF 24 horas antes. Do Val também teve o seu passaporte diplomático apreendido após ter saído do Brasil sem autorização judicial. Ele nega — e diz que não havia qualquer proibição. No início do mês, Do Val circulou pelo Senado usando tornozeleira. De chinelo e calça com a barra curta, ele deixou o acessório à mostra ao entrar no plenário da Casa, onde parlamentares faziam uma obstrução aos trabalhos legislativos como protesto à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a colunista Malu Gaspar, senadores tentam negociar uma saída para diminuir a tensão entre o Senado e o STF. Segundo fontes ouvidas pela colunista, a alternativa encontrada foi tentar convencer Do Val a tirar uma licença médica para tratar da saúde mental, no entanto, ele resiste. Ainda de acordo com a colunista, até a família do parlamentar tem sido procurada para ajudar num pedido de afastamento do cargo.