Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) siga realizando a maioria das cirurgias de catarata no Brasil em números absolutos, os planos de saúde apresentam taxas proporcionalmente mais elevadas em 2024, considerando procedimentos por 100 mil habitantes. Enquanto os convênios atingem 1,2 mil cirurgias por 100 mil beneficiários, o SUS efetua cerca de 736 entre seus usuários exclusivos. O levantamento "Demografia Médica no Brasil 2025", produzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Associação Médica Brasileira e Ministério da Saúde detalha que, do total de 1,8 milhão de cirurgias no país, o SUS responde por 64%. Contudo, os planos de saúde lideram em proporção: realizam 73% mais operações por grupo populacional equivalente. Desigualdade regional nas taxas de cirurgia de catarata Uma análise regional demonstra disparidades ainda maiores. No Norte do país, a diferença chega a 157%. No Sul, a taxa é 138% superior nos planos privados, enquanto o Nordeste registra 71% e o Centro-Oeste, 87%. No Sudeste, a distância é menor, mas ainda chega a 39%. O professor Mario Scheffer, coordenador do estudo, avalia que é fundamental ampliar a capacidade do SUS, aproveitando recursos existentes no setor privado. Ele cita o programa federal Agora Tem Especialistas, que viabiliza cirurgias pela rede privada em troca de abatimento de dívidas, como avanço importante no curto prazo. + Leia mais notícias de Saúde em Oeste No entanto, Scheffer destaca que a existência de filas para cirurgias de catarata é inaceitável. "Adiar o procedimento significa prolongar a incapacidade visual, reduzir a qualidade de vida e, em alguns casos, acelerar a perda da visão", afirmou. Em 2024, a espera ultrapassava quatro meses em média. Distribuição desigual de oftalmologistas Nem todas as regiões do Brasil têm uma quantidade considerável de oftalmologistas | Foto: Reprodução/Redes sociais O estudo ainda sinaliza que o problema não é a falta de oftalmologistas, mas a má distribuição desses profissionais. Existem 16,7 mil especialistas no país, concentrados em grandes cidades. O Distrito Federal possui quase cinco vezes mais oftalmologistas por habitante do que o Amazonas; 65% desses médicos atuam em apenas 48 municípios com mais de 500 mil habitantes. Diante desse cenário, os pesquisadores ressaltam uma dupla desigualdade: tanto entre pacientes do SUS e de planos quanto entre diferentes regiões do Brasil. Essa realidade reforça os obstáculos para o acesso igualitário às cirurgias de catarata. O post Planos de saúde superam SUS em cirurgias de catarata apareceu primeiro em Revista Oeste .