Os modelos de reconstrução artística hiper-realistas do ancestral humano Australopithecus afarensis 'Lucy' (D) e 'Selam' (E), um bebê Australopithecus que viveu cerca de 100.000 anos antes de Lucy, estão em exibição no Museu Nacional Tcheco em Praga em 25 de agosto de 2025. Michal Cizek / AFP Os fragmentos ósseos de Lucy, célebre ancestral humana de 3,18 milhões de anos, saíram excepcionalmente da Etiópia e serão exibidos pela primeira vez na Europa, no Museu Nacional de Praga, a partir desta segunda-feira (25). Os fósseis desta Australopithecus afarensis foram encontrados na Etiópia em 1974, a mais completa descoberta até então e revolucionou a compreensão dos ancestrais da humanidade. Os restos ósseos de Lucy serão exibidos na República Tcheca junto com Selam, o fóssil de uma menina Australopithecus que viveu cerca de 100 mil anos antes de Lucy, encontrado no mesmo lugar 25 anos depois. "Selam nunca foi exibido fora da Etiópia e Lucy só foi exibida uma vez nos Estados Unidos", declarou o diretor do Museu Nacional, Michal Lukes, quando chegaram a Praga em 15 de agosto. O diretor afirmou que os fósseis cedidos pelo Museu Nacional da Etiópia em Adis Abeba estão entre "as peças paleoantropológicas mais valiosas e antigas do mundo". Os 52 fragmentos serão exibidos durante 60 dias como parte da exposição "Human Origins and Fossils" (Origens Humanas e Fósseis, em tradução livre). O diretor da Autoridade do Patrimônio Etíope, Abebaw Ayalew Gella, indicou que a exposição "promove a Etiópia como a terra da origem humana". Lucy "revolucionou o curso do estudo dos ancestrais humanos, em primeiro lugar por sua completude e, em segundo lugar, por sua antiguidade", declarou Ayalew Gella. "Selam é um fóssil único por sua antiguidade (...) trata-se do fóssil de um bebê que morreu aos dois anos e sete meses", acrescentou. Nomeada pelos Beatles Em seu estado atual, Lucy é composta por partes dentais fossilizadas, fragmentos do crânio, da pelve e do fêmur. Seu esqueleto fossilizado, com 1,1 metro de altura e 29 quilos, saiu da Etiópia pela última vez entre 2007 e 2013, quando passou por museus nos Estados Unidos. O hominídeo recebeu esse nome por causa da música dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que a equipe que a encontrou ouviu para celebrar a descoberta. Lucy era bípede - caminhava com as duas pernas - e acredita-se que tenha morrido entre os 11 e 13 anos, idade adulta para a espécie. Por muito tempo foi considerada o ancestral humano mais antigo encontrado, mas foi destronada em 1994 após a descoberta, também na Etiópia, de Ardi, uma fêmea Ardipithecus ramidus que viveu há 4,5 milhões de anos. Em 2001, Toumai - um crânio datado de seis ou sete milhões de anos - foi encontrado no Chade, sugerindo que a família humana poderia remeter muito mais longe do que se pensava. Em um estudo de 2016, os pesquisadores afirmaram que Lucy tinha braços fortes, o que sugere que costumava escalar árvores e se refugiar nos galhos durante a noite. Também tinha pernas relativamente fracas que não eram usadas para escalar e eram ineficazes para caminhar, concluiu o estudo. Uma análise de uma fratura em um dos ossos de Lucy realizada no mesmo ano sugeriu que ela provavelmente morreu ao cair de uma árvore. LEIA TAMBÉM: Fósseis de baleia aparentemente fofa, mas perigosa, são encontrados na Austrália Cientistas encontram proteínas preservadas em fósseis de até 24 milhões de anos Um modelo de esqueleto baseado em fragmentos ósseos do ancestral humano Australopithecus afarensis "Lucy", encontrado na Etiópia, é exibido no Museu Nacional Tcheco, em Praga Michal Cizek / AFP Cientistas descobrem causa da morte de Lucy, o fóssil de 3 milhões de anos