Umidade do ar em Brasília chega a 9% e população reforça cuidados no período

Por Larissa Barros Na última sexta-feira, dia 22, Brasília registrou, em Brazlândia, a menor umidade relativa do ar do ano, até o momento: 9%. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acendeu um alerta vermelho para a capital federal diante da situação. Já nesta segunda-feira, dia 25, as temperaturas permaneceram elevadas, em torno de 31 °C, e a umidade relativa do ar segue abaixo de 12%. Segundo o órgão, apesar dos números preocupantes, os valores registrados estão dentro do esperado para esta época do ano. Entre os moradores do Distrito Federal, os impactos da seca já são sentidos no dia a dia. A estudante Isadora Aguiar, de 21 anos, relata que tem percebido mudanças claras no corpo: pele mais ressecada, lábios rachando com facilidade e o nariz mais sensível, chegando até a apresentar sangramentos. Além disso, nota um pouco mais de cansaço do que o habitual. Para amenizar os efeitos, Isadora intensificou os cuidados pessoais, passou a usar óleo corporal durante o banho, seguido de um hidratante e aplicação de pomadas nos lábios, e também aumentou a ingestão de água, hábito que, segundo ela, “faz toda a diferença”. Os relatos de desconforto se repetem entre jovens. A estudante Beatriz Barbosa, de 20 anos, afirma que a troca constante de ambientes com ar-condicionado para a rua, somada à diferença brusca de temperatura, tem intensificado as crises de rinite. “Ataca com muito mais facilidade”, diz. Além disso, ela relata sentir mais cansaço, enxaqueca frequente e menos disposição ao longo do dia. Segundo o pneumologista Rodolfo Bacelar Athayde, não se trata apenas de incômodo. O ar seco e a baixa umidade, por si só, já funcionam como agressores das vias aéreas, provocando irritação e inflamação que resultam em sintomas respiratórios. “Ainda, somado, há uma maior concentração de material particulado, os populares poluentes e poeiras, principalmente quando associados às queimadas que podem acontecer nessa época do ano. Isso desencadeia sintomas em pessoas susceptíveis e causa piora em quem já tem doenças pulmonares como asma, rinite e DPOC, popularmente conhecida como a ‘bronquite do fumante’ e enfisema pulmonar. Também aumentam sintomas em mucosas associadas, com sensação de boca seca, irritação nos olhos e na garganta”, explica. O especialista reforça que determinados grupos precisam de atenção redobrada. “Os extremos de idade (idosos e crianças) sofrem mais com efeitos do clima seco, o que pode resultar, inclusive, em situações ameaçadoras à vida, como a intermação. É quando há a incapacidade do corpo de se resfriar adequadamente em ambientes mais quentes, o que geralmente nos acompanha nesta época do ano no Brasil. Por isso, mais importante ainda hidratar-se com frequência (seja com água, sucos ou frutas), usar roupas leves, evitar exposição ao ar seco, ao calor e ao ar poluído, além das medidas orientadas para toda a população. Para os idosos com dificuldade de mobilidade, o cuidado com a climatização e umidificação do ambiente, assim como com roupas de cama mais leves e respiráveis, é fundamental”, orienta. No caso de pessoas com doenças respiratórias, o cuidado deve ser ainda mais intenso. Athayde destaca que a primeira medida é manter o controle da doença com o uso correto das medicações prescritas e o acompanhamento médico adequado. “Também é imprescindível criar um plano de ação junto ao médico que acompanha o paciente para saber como proceder em caso de sintomas e quando procurar pronto-atendimento. É fundamental evitar gatilhos adicionais, como poeira, mofo, umidade excessiva e fumaça, e lembrar que a automedicação pode trazer riscos sérios”, alerta. Entre as medidas práticas, o pneumologista orienta manter-se bem hidratado, usar pano úmido ao limpar a casa em vez de varrer, hidratar o nariz com soro fisiológico, usar máscaras em locais com muita poeira e apostar em alternativas como umidificadores, bacias com água ou panos úmidos nos cômodos. “Roupas claras e leves também ajudam no adequado funcionamento do corpo, assim como a escolha dos horários de exercícios físicos. O ideal é evitar treinos ao ar livre nos períodos mais quentes e secos do dia, entre 9h e 16h. Se possível, praticar antes das 9h ou no fim da tarde, em locais arborizados e ventilados. Outra alternativa é optar por ambientes fechados e climatizados. Em todos os casos, a hidratação deve ser prioridade”, recomenda. Os sinais de alerta para procurar atendimento médico devem ser levados a sério. Entre eles estão dificuldade para respirar, sensação de não conseguir encher os pulmões, chiado no peito ou tosse persistente. “Sempre que houver agravamento de doenças respiratórias pré-existentes, assim como a presença de tosse com sangue, é essencial buscar ajuda. Nos idosos e crianças, é preciso estar atento a sinais como piora do estado geral, maior apatia, menor interação, sonolência, confusão mental ou baixa aceitação/recusa alimentar”, complementa o médico. De acordo com o Inmet, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também recomenda medidas preventivas durante períodos de tempo seco: beber bastante líquido, evitar atividades físicas nos horários mais quentes do dia, reduzir a exposição ao sol, usar hidratantes para a pele, umidificar os ambientes e evitar bebidas diuréticas, como café e álcool.