Em meio a crise causada pelos preços de estadia elevados para a COP30, o Ministério da Previdência Social propôs disponibilizar dois barcos para servirem como hospedagens durante a conferência em Belém (PA), que ocorrerá entre os dias 10 e 21 de novembro. Normalmente, as embarcações funcionam como "agências flutuantes" para atender a população que vive nas margens dos rios, como comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, onde ainda não existem agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Do encontro 'tenso' à força tarefa na Casa Civil: Baixa confirmação na COP de Belém liga alerta do governo brasileiro Nova carta: Presidente da COP30 diz que 80% dos países membros do Acordo de Paris não têm novas metas para reduzir emissões A ideia partiu do próprio ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT). Ele sugeriu à Casa Civil o envio dos "PREVBarcos", como são chamados, para dar suporte à COP30, conforme informou a pasta ao GLOBO. Atualmente, há duas embarcações do tipo atendendo o estado do Pará. "Há uma construção no governo federal para que, durante as duas semanas da COP 30, eles (barcos) possam ficar atracados na capital, Belém. Mas o projeto ainda está em análise, bem como ainda não estão definidos valores e ocupação", explicou a pasta. Leia também: Crise de hospedagem pela COP 30 em Belém leva inquilinos a serem despejados por donos de imóveis Segundo o ministério, as duas embarcações, somadas, contam com 44 lugares no total. Procurada pelo GLOBO, a organização da COP30 confirmou a proposta, mas ressaltou a necessidade de alinhar as questões que envolvem o custo da estadia. Conforme divulgado inicialmente pela CNN e confirmado pelo GLOBO, o próprio ministro Wolney, inclusive, chegou a reservar uma das acomodações. Ele ficará hospedado em um dos barcos, embora ainda não haja confirmação sobre quem irá preencher os demais aposentos. PREVBarco, agência flutuante do Ministério da Previdência Social Divulgação/INSS Crise de hospedagem Conforme reportagem do GLOBO publicada neste sábado, a menos de três meses da COP30, apenas 47 países têm hospedagem confirmada para o evento em Belém, o que equivale a 24% do total das nações que integram a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC). Nas últimas COPs, entre 193 e 196 países participaram das conferências. O quadro representa um risco ao sucesso dos acordos de metas e pode afetar as negociações diplomáticas, e a principal motivação é o elevado custo da estadia. Em carta aberta publicada no dia 12 de agosto, o Observatório do Clima, maior rede de ONGs da agenda climática do Brasil, criticou o que chamou de "negligência" do governo federal e estadual do Pará na preparação da COP 30. O Observatório afirmou que há risco de ser a COP "mais excludente da história", com a redução de delegações por causa dos altos preços de hotéis e que há risco de um "vexame histórico" para o país. Dirigente da ONU reclama dos 'preços exorbitantes' da COP em Belém e desorganização: 'É insanidade e um insulto' Veja também: Na Colômbia, Lula pede 'esforço incomensurável' de países da região para comparecerem à COP de Belém Nas últimas semanas, o problema de logística, em especial falta de oferta e altos preços de hospedagem, vem sendo o principal tema sobre a COP30. Para o Observatório do Clima, a culpa para esse tema que "explodiu agora" é da "negligência do governo federal e do governo do Pará, que tiveram dois anos e meio para equacionar a questão". Por causa desse cenário, "a COP no Brasil arrisca ser a mais excludente da história", afirmou o Observatório do Clima, que diz que a redução de delegações afeta até a legitimidade das negociações. Como mostrou o GLOBO, a três meses do início da cúpula, o valor cobrado por quartos simples na capital paraense chega até mesmo a ultrapassar a diária de unidades de luxo em capitais como Rio, São Paulo e Brasília. Além disso, as plataformas de reserva criadas pelo Governo Federal indicam que os participantes podem precisar dividir as mesmas camas enquanto permanecerem na conferência. Os altos preços levaram a Defensoria Pública do estado a notificar plataformas de hospedagem para a exclusão de anúncios com preços abusivos durante a conferência.