Valdemar diz que Trump ‘é a única saída’ e pressiona por Tarcísio no PL

São Paulo, 25 - O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta segunda-feira, 25, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é a "única saída" para o seu partido e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ao mesmo tempo, o dirigente partidário disse que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve se filiar ao PL caso concorra à Presidência da República no ano que vem. Tarcísio participou ontem da celebração do aniversário de 20 anos do Republicanos, em Brasília. O governador paulista trabalha com duas opções para 2026: uma candidatura à reeleição no Estado ou uma candidatura ao Palácio do Planalto. Durante evento do grupo Esfera Brasil, realizado na zona sul da capital paulista, Tarcísio fez uma fala de presidenciável: criticou a política externa do governo Lula, defendeu a redução do número de ministérios e esboçou um futuro lema de governo, fazer "40 anos em 4". Foi no mesmo evento que Valdemar relacionou Trump e a próxima eleição presidencial. Questionado se fazia uma relação direta do julgamento com o governo americano, o dirigente foi enfático. "Falo isso bem antes da eleição do Trump: ‘Se o Trump não ganhar a eleição nos Estados Unidos, nós estamos mortos’. E parecia que ele não ia ganhar. Ganhou. O Trump é a única saída que nós temos Não temos outra", disse Valdemar. "Quando o Poder Judiciário se comporta dessa maneira, é a pior coisa que existe para todo o País. Por quê? Porque você não tem para quem recorrer. Esse é o nosso problema. Todos estão apoiando o Alexandre de Moraes. A maioria." O presidente do PL destacou que Bolsonaro ganhou a simpatia de Trump ao demorar para reconhecer a vitória do ex-presidente americano Joe Biden. Ele elogiou a movimentação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mas retirou sua responsabilidade sobre as atitudes do parlamentar. "O Eduardo faz todas as coisas por conta própria. Ele não consulta o partido. Não estou me lamentando por isso. Não tem problema nenhum. Ele está ajudando. Faz a parte dele e faz o que ele devia fazer, que é defender o pai dele", continuou o presidente do PL. Ele afirmou que Bolsonaro está "passando por uma situação muito ruim", pois se submeteu a uma operação séria e permanece nervoso o tempo todo, o que teria prejudicado bastante sua saúde. Valdemar disse ainda que sua maior preocupação é, justamente, com a saúde do ex-presidente. O julgamento no STF está previsto para começar na próxima semana, no dia 2 de setembro. O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma da Corte, reservou também sessões nos dias 3, 9, 10 e 12 para o julgamento do "núcleo crucial", que inclui Bolsonaro. Partido O presidente do PL foi assertivo ao afirmar que o governador de São Paulo vai migrar para o PL caso opte mesmo pela candidatura presidencial. "O Tarcísio já declarou na semana passada, em jantar com governadores, que, se for candidato a presidente no ano que vem, ele assina com o PL. Ele já havia falado isso para mim. Mas hoje ele é candidato a governador e está em outro partido", disse Valdemar, em entrevista. O jantar a que ele se referiu ocorreu na última terça-feira, organizado pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda. O evento não teve representantes da família Bolsonaro e foi visto como uma espécie de pacto de figuras proeminentes de partidos de centro-direita em torno de eventual candidatura do governador paulista. Tarcísio não confirma publicamente que concorrerá ao Planalto em 2026, mas a movimentação de partidos do Centrão no seu entorno cresceu após Moraes determinar a prisão domiciliar de Bolsonaro. Segundo Valdemar, a definição sobre a candidatura de Tarcísio deverá ocorrer até o fim deste ano. Como mostrou o Estadão, o governador já trabalha com as duas opções e se movimenta em torno de uma possível candidatura, que vai se consolidar se houver aval do ex-presidente. Em evento em Barretos (SP), no fim de semana passado, Tarcísio levou para o palco um boneco de Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente lhe "abriu portas" e hoje enfrenta "uma grande injustiça". JK Ontem, num seminário do Esfera Brasil, o governador de São Paulo comparou a situação brasileira no momento atual ao pós-Getúlio Vargas, elogiou Juscelino Kubitschek e citou como modelo para um futuro lema de governo a necessidade de fazer "40 anos em 4". Tarcísio participou da abertura do III Seminário Brasil Hoje ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), em um painel mediado pelo aliado Ciro Nogueira, presidente do PP. Foi Ciro quem pediu que Tarcísio construísse um lema para o futuro governo. Foi aplaudido pelos presentes, reforçando que não seria uma "provocação", já que o governador é cotado como candidato à Presidência em 2026. "Eu não sei qual vai ser o lema de um novo governo. Eu sei que a gente precisa fazer pelo menos 40 anos em 4. Isso está muito claro", disse, sendo aplaudido pela plateia de empresários e políticos. Milei No painel, Tarcísio também defendeu o que seriam os desafios do próximo governo. Citou a questão fiscal, a tecnologia e a segurança pública. Sobre a primeira, elogiou o trabalho do governo argentino de Javier Milei e disse que o Executivo federal precisa diminuir o número de ministérios. "Temos de encarar a agenda fiscal e há excelentes nomes para o Ministério da Fazenda. Temos que reduzir a rigidez orçamentária. Devemos discutir desindexação da economia e benefícios tributários", disse. "Para discutir a questão fiscal, para implementar uma agenda fiscal que vai nos garantir a prosperidade, é só olhar aqui para pertinho. Olha o que a Argentina fez. Como que ela conseguiu reduzir o tamanho do Estado, como ela diminui despesa pública, o efeito que isso está tendo em inflação, o efeito que isso está tendo em crescimento", completou Tarcísio. O governador também defendeu a negociação do governo brasileiro com o dos EUA para tentar resolver a questão do tarifaço. Segundo ele, a diplomacia nacional, que sempre foi muito respeitada, foi deixada de lado. "A diplomacia brasileira sempre foi reconhecida e decidimos deixar isso de lado", disse. Para o governador, a questão é de investimentos. "Nos afastamos de discussões sobre a OCDE. Faltam visão de futuro e liderança para tirar proveito." Estadão Conteúdo