O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, defendeu nesta segunda-feira (25) as novas regras de disciplina no sistema educacional, dizendo que buscam evitar que as escolas sejam "lugares de recrutamento de membros de gangues". Desde 20 de agosto, por ordem da nova ministra da Educação, a capitã Karla Trigueros, os alunos devem ter cabelo curto, uniforme limpo e sapatos engraxados, algo que um sindicato de professores classificou como "militarização" das 5.100 escolas públicas. Bukele afirmou que, antes de sua "guerra" contra as gangues - que lançou em 2022 e reduziu a violência criminal no país - os centros educacionais eram "lugares de recrutamento de membros de gangues". "As medidas de disciplina nas escolas buscam evitar que essa tragédia volte a ocorrer", acrescentou o presidente na rede X. Junto a um vídeo em que aparecem estudantes do ensino médio fazendo sinais de gangues com as mãos, Bukele escreveu: "assim eram os centros educacionais em nosso país antes". Antes da "guerra", as gangues Mara Salvatrucha e Barrio 18 assediavam estudantes para que se juntassem a essas facções e ameaçavam professores para que não os denunciassem. O presidente indicou que as novas regras deverão ser respeitadas "apesar das críticas". No domingo, a ministra e capitã das Forças Armadas adicionou novas regras de "cortesia escolar" às normas disciplinares, e os alunos que não as respeitarem correm o risco de repetir de ano. As normas de cortesia, que entrarão em vigor em 1º de setembro, incluem saudar o professor ao entrar na sala de aula, dizer "por favor" ao fazer um pedido e agradecer. Um estudante com 15 anotações de demérito "não poderá ser promovido de série", determinou a ministra militar. Contudo, poderá reduzir as punições com trabalhos "de ordem e limpeza" e outras atividades. Os diretores que não fizerem cumprir essas normas serão sancionados, advertiu Trigueros, que regularmente usa uniforme de camuflagem. Bukele desfruta de grande popularidade no país por reduzir a violência criminal a mínimos históricos com sua "guerra", que se apoia em um regime de exceção que permite detenções sem ordem judicial. O regime de exceção é criticado por grupos de direitos humanos, que afirmam que há milhares de inocentes presos. © Agence France-Presse