Caps de SP passam a oferecer atendimento para vício em apostas e jogos de azar

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou nesta segunda-feira (25) uma lei que cria o Programa Estadual de Conscientização e Tratamento aos Malefícios dos Jogos de Apostas Online e Cassinos Físicos. A iniciativa tem como objetivo enfrentar o crescimento da dependência em apostas dentro dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Leia mais: Especialista indica exame que fumantes ou ex-fumantes devem fazer: 'Ele pode salvar sua vida' Inércia do sono: médico explica por que acordar e ficar na cama não é preguiça Para oferecer esse tipo de acompanhamento, os Caps deverão contar com equipes preparadas para lidar com casos de dependência, incluindo psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais. Estão previstas ainda terapias em grupo e parcerias com universidades, entidades especializadas e organizações da sociedade civil para ampliar a rede de acolhimento. Como mostrou O GLOBO, o número de brasileiros que se deram conta que as apostas se tornaram um vício e procuraram ajuda profissional nos Centro de Apoio Psicossocial (Caps), do Sistema Único de Saúde (SUS), aumentou nos últimos anos. A quantidade de atendimentos passou de 413 em 2021 para 1.265 em 2024, o que representa um aumento de 206%, segundo dados do Ministério da Saúde. No âmbito nacional, o aumento tem sido considerado um desafio para a pasta. O ministro Alexandre Padilha afirmou que a Saúde está “contratando pesquisas para entender melhor o impacto” dos jogos na saúde mental dos brasileiros e na rede pública de saúde. — Temos um desafio novo na saúde, que é o problema do vício nos jogos, que já impacta a saúde brasileira. Já aumentou a presença nos Caps de pessoas que vão lá e revelam isso, e eu acho que a grande maioria nem revela — afirmou Jogos de apostas causam vício em muitos André Mello/ Editoria de Arte Número de pacientes subestimado Segundo levantamento sobre o impacto das bets na Saúde e Economia divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em maio, na Rede de Atenção Psicossocial (Raps) faltam profissionais especializados e até mesmo espaço físico para o tratamento. “Há problemas na articulação entre as áreas responsáveis, falta de indicadores específicos para monitorar o problema e poucas campanhas de conscientização sobre os riscos do vício. Além disso, o número de atendimentos registrados como jogo patológico pode estar subestimado e as ações para detectar precocemente casos de dependência são limitadas”, diz o relatório do TCU. O Ministério da Saúde destaca que, de 2022 a 2024, foram habilitadas 653 novas unidades de atendimento da Raps, representando um aumento de 10%. Diz também que o orçamento para ações de saúde mental passou de R$ 1,6 bi em 2022 para R$ 2,2 bi em 2024. Os jogos de apostas on-line cresceram sem controle no país desde que a atividade foi legalizada em 2018. A regulamentação só entrou em vigor em janeiro deste ano. Desde então, apenas empresas autorizadas podem operar. As que não se adequaram foram consideradas ilegais e sofreram sanções, incluindo suspensões de operação. O Painel do Orçamento Federal prevê R$ 10,9 milhões no orçamento do Ministério da Saúde para “prevenção, controle e mitigação de danos sociais advindos da prática de jogos, nas áreas da saúde”. Até o momento, foram investidos R$ 471, 9 mil.