Após uma cirurgia bariátrica, a perda significativa de peso vem acompanhada de mudanças drásticas no corpo, e nem sempre essas transformações são apenas motivo de comemoração. O excesso de pele e a flacidez que surgem em diferentes regiões do corpo são queixas frequentes entre os pacientes. Essas alterações não afetam apenas a estética, mas também a autoestima, o bem-estar e até a vida sexual. Nova tendência? Seios menores estão conquistando as mulheres e especialistas explicam o porquê Menopausa: veja 5 truques que podem transformar seu bem-estar nessa fase — A grande queixa dos pacientes bariátricos é a flacidez e as lipodistrofias geradas em diversas áreas, o que afeta também a autoestima do paciente — explica o cirurgião plástico André Maranhão, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – regional Rio de Janeiro. — Em detrimento do emagrecimento corporal esperado, o corpo desenvolve, na maioria dos casos, o excesso de pele no abdome e nas mamas. Quando a apresentação é muito disforme, ela começa a afetar até mesmo a libido do paciente, caindo vertiginosamente por conta de se sentir insegura com a flacidez corporal e, além, é claro, de algumas deficiências nutricionais potenciais que também podem gerar uma queda de cabelo — detalha. As chamadas cirurgias reparadoras, ou reconstrutoras, entram nesse cenário como uma etapa fundamental do processo de reabilitação física e emocional. São procedimentos que devolvem contornos corporais mais harmônicos, ajudam na mobilidade e restauram a autoconfiança. — As cirurgias reparadoras não só transformam os corpos dos pacientes, mas também recuperam a sua autoestima e admiração. É o exterior afetando o interior — afirma. Segundo ele, os procedimentos mais comuns nesse contexto são a mamoplastia (para reposicionar e reduzir a flacidez das mamas), a abdominoplastia (que retira o excesso de pele e reconstrói o abdome), a braquioplastia (que atua nos braços) e a coxoplastia (nas coxas). — Todo paciente bariátrico acaba adquirindo a flacidez, que se manifesta maior em determinadas áreas individuais, o que varia de um caso pra outro. Um paciente pode ter maior concentração de flacidez na região do abdome e nas mamas, já outro nas coxas e nos braços — diz. O momento ideal para realizar essas intervenções deve ser cuidadosamente planejado. O organismo precisa estar estabilizado, tanto do ponto de vista metabólico quanto nutricional. — As reparadoras devem ocorrer, pelo menos, 12 meses após a cirurgia bariátrica e 3 meses após a estabilização de peso, isto é, ter alcançado o objetivo que se esperava — orienta o médico. Além disso, o acompanhamento deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, com foco na segurança e nos resultados de longo prazo: — Os pacientes bariátricos demandam mais atenção e cuidado durante as cirurgias plásticas porque o corpo já passou por uma grande transformação, que trouxe cuidados nutricionais e físicos para uma vida inteira, onde a flacidez é traiçoeira e pode voltar mesmo após a cirurgia plástica. Cirurgias plásticas crescem entre famosas e colocam Brasil no topo do ranking mundial; especialista analisa tendência Cirurgia plástica nas mamas pode atrapalhar a amamentação? Veja o que diz especialista após relato de Maíra Cardi O acesso às cirurgias reparadoras é garantido por lei, desde que estejam listadas no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). — Todo plano de saúde é obrigado a autorizar as cirurgias reparadoras que os pacientes precisam fazer cirurgia plástica pós-bariátrica, desde que estas estejam listadas no 'roll' de procedimentos da ANS, já que são procedimentos de extrema importância para a recuperação da qualidade de vida — reforça Maranhão. Ele pondera, no entanto, que há limitações: — Há uma limitação de alguns casos com pouca flacidez de acordo com a perícia médica, e temos poucos serviços pelo SUS que realizam estas reparações comparado à demanda de casos que necessitam. As marcas na pele, inevitáveis nesse tipo de intervenção, são um lembrete do esforço físico e emocional que o paciente enfrentou. — A cirurgia bariátrica já é um grande sacrifício para o paciente e seguir com as cirurgias plásticas, que irão deixar cicatrizes extensas permanentes, também exigem bastante esforço. Portanto, a prevenção da obesidade com hábitos de vida mais saudáveis é sempre o melhor caminho. Quando isso não for possível, procure sempre uma equipe multidisciplinar confiável — conclui.