Com o troféu de Campeão Mundial de 2025 da Fórmula 3 já devidamente instalado em lugar de honra em sua vasta galeria, Rafael Câmara cumpre no mês que vem seu último compromisso na modalidade. Ao comemorar a conquista de forma antecipada na penúltima etapa, com a vitória na Corrida 2 em Hungaroring, o brasileiro foi também o primeiro piloto na história da F3 a garantir o título com uma prova de antecedência, alcançando uma vantagem de 48 pontos sobre o concorrente Mari Boya. Concluída a rodada final no dia 7 de setembro em Monza, na Itália, o pernambucano de 20 anos passará então a traçar os próximos passos de sua carreira promissora. Neste sentido, um anúncio da subida para a Fórmula 2 – a principal categoria de acesso à F1 – deve acontecer em breve. Responsável pela Allma Management, o empresário Ângelo Albertini, com mais de 20 anos de experiência na indústria do automobilismo e que acompanhou o piloto em sua trajetória, destaca a possibilidade de Câmara continuar com a Trident na nova categoria. ”Mas há também o interesse de outras equipes, como a Invicta e a Prema, por exemplo. Contudo, nada ainda está decidido”, ressalta Albertini. No início de agosto, o piloto foi anunciado como parte do time de talentos da Octagon Latam, agência de marketing esportivo vinculada ao ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno. A empresa passou a ser responsável por gerenciar a imagem e desenvolvimento de oportunidades comerciais para sua carreira, em parceria com a MSM e FWD, que já acompanham a sua carreira internacionalmente. “O Rafa é um cara muito especial, um piloto incrivelmente talentoso. Estamos muito orgulhosos de trabalhar com ele e com a Octagon nesta nova parceria tão empolgante”, comentou Enrico Zanarini, CEO da MSM, voltada ao agenciamento de atletas. “Como responsáveis pela gestão comercial e de imagem do Rafael no Brasil, estamos muito satisfeitos com a aproximação da Octagon. Essa parceria, construída com muito cuidado, une alguns dos profissionais mais respeitados do mercado e reforça ainda mais a estrutura ao redor do Rafa em um momento decisivo da sua trajetória rumo à elite do automobilismo mundial.”, completa Pedro Nunes, sócio da FWD,que foca na gestão comercial e de imagem do piloto no Brasil. Superlicença Por seu recente desempenho na F3, o piloto somou pontos suficientes para obter a superlicença, documento exigido pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para poder competir no Mundial de Fórmula 1. Além dos 153 pontos já garantidos na F3, as corridas disputadas durante sua época na FRECA (Fórmula Regional Europeia) e outras categorias de base, também auxiliaram na pontuação. A qualificação emitida pela FIA é indispensável para os pilotos que buscam o topo do automobilismo e é concedida com base em diversas normas previstas no Código Esportivo Internacional. Até meados de 2024, a regulamentação previa que apenas pilotos com mais de 18 anos e com uma carteira de motorista comum poderiam requisitar a superlicença. Agora, porém, a organização passou a aceitar competidores que “demonstram recente e constante habilidade e maturidade excepcionais em competições de carros de fórmula monopostos, podendo receber uma Super Licença aos 17 anos de idade“. Isso também abre caminho para que, em 2026, ele participe de treinos livres da F1. O brasileiro faz parte da Academia de Pilotos da Ferrari há quatro anos, o que o torna ainda o piloto do programa de talentos da escuderia italiana mais próximo da F1. Não é a toa que o jovem se tornou o principal assunto entre membros do alto escalão da Ferrari. Após o título mundial, Câmara recebeu muitos elogios de Jérôme D’Ambrosio, vice-diretor da equipe, em entrevista oficial ao site da F3. De acordo com o braço direito de Fred Vasseur, a conquista não causou surpresas dentro da equipe. “Quando temos um talento como Rafa, isso pode soar duro, mas é o que esperamos e o que queremos ver. Nosso trabalho é apoiá-lo da melhor forma para que possa entregar esse desempenho e expressar o talento ao máximo da sua capacidade. Foi exatamente o que ele fez”, disse ele. D’Ambrosio também destacou a capacidade de Rafael Câmara trabalhar sob pressão. Conforme destacou, as últimas corridas do campeonato mostraram uma superioridade do brasileiro em relação aos demais membros da academia nesse quesito. Agora é aguardar o fim da pausa de verão e encarar a última etapa da F3 na Itália antes de planejar o futuro. Mesmo com o título já garantido, ele quer encerrar esse capítulo em grande estilo. "Já estou me concentrando em Monza para terminar em alta", avisa.