Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 2,34 bilhões em julho, informou nesta terça-feira (26) o Banco Central. De acordo com a instituição, este é o maior valor desde setembro de 2014 — quando somou US$ 2,37 bilhões, ou seja, em cerca de onze anos. Também é o maior valor para meses de julho desde o mesmo ano (2014), momento em que as despesas lá fora totalizaram US$ 2,41 bilhões. A série histórica para os gastos de estrangeiros no Brasil tem início em 1995. No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 12,5 bilhões. De acordo com o BC, esse também é o maior valor, para o período de janeiro a julho, desde 2014 — momento em que totalizaram US$ 14,9 bilhões. Alta do IOF O crescimento nos gastos de brasileiros lá fora acontece apesar do aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre câmbio, anunciado pelo governo em meados maio deste ano - que encareceu a compra de moeda estrangeira. Após ajustes feitos pela equipe econômica, a medida vigorou até 27 de junho, quando foi derrubada pelo Congresso Nacional, sendo retomada, novamente — em quase sua totalidade —, em 16 de julho após decisão do Supremo Tribunal Federal. ▶️O IOF subiu para compra de moeda estrangeira em espécie, de de 1,1% para 3,5%, assim como para remessas de recurso para conta de brasileiros no exterior. A compra de moeda em espécie e as remessas para contas no exterior eram utilizadas por viajantes para pagarem menos IOF do que no cartão de crédito, que, até era de 3,38%. Essa alíquota também avançou para 3,5%. Dólar em queda e atividade econômica ▶️Se por um lado, a alta do IOF encareceu a compra de moda estrangeira, a queda na cotação da moeda norte-americana amenizou o valor das transações. Nesta segunda-feira (24), o dólar fechou em queda de 0,05%, cotado a R$ 5,48. No acumulado deste ano, a queda foi de 11,3%. Além do dólar, segundo analistas, as despesas no exterior também são influenciadas pelo nível de atividade econômica. Apesar de desaceleração, a economia segue apresentando crescimento neste ano - mesmo com o aumento da taxa básica de juros para 15% ao ano. Contas externas No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda segundo dados do BC, déficit das contas externas brasileiras avançou 76,4%, para US$ 40,1 bilhões. O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por: balança comercial: que é o comércio de produtos entre o Brasil e outros países; serviços: adquiridos por brasileiros no exterior; e rendas: remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior. Somente em julho, as contas externas registraram um saldo negativo de US$ 7,1 bilhões, contra um déficit de US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado. O Banco Central costuma explicar que o tamanho do rombo das contas externas está relacionado com o crescimento da economia. Quando cresce, o país demanda mais produtos do exterior e realiza mais gastos com serviços também. Por isso, o déficit também sobe. A piora das contas externas, na parcial até julho, está relacionada principalmente com o desempenho da balança comercial, que teve superávit de US$ 32,3 bilhões. No mesmo período do ano passado, o saldo positivo foi maior: US$ 44,2 bilhões. Levando em consideração todo o ano passado, o déficit em conta corrente somou cerca de US$ 57,89 bilhões (valor revisado). Para o ano de 2025 fechado, o Banco Central estimou, em junho, um rombo de US$ 58 bilhões. ▶️Investimentos estrangeiros diretos O BC também informou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira registraram queda de 6,4% de janeiro a julho deste ano, para US$ 42,1 bilhões. Mesmo assim, os investimentos estrangeiros foram suficientes para "financiar" o rombo das contas externas de US$ 40,1 bilhões registrado no mesmo período. Somente em julho, os investimentos estrangeiros totalizaram US$ 8,3 bilhões, contra US$ 7,2 bilhões no mesmo mês de 2024. No ano passado completo, os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 71,1 bilhões. Para o ano de 2025 fechado, o Banco Central estimou, em março, um valor de US$ 70 bilhões.