Diaba Loira tinha tatuagem gigante nas costas em reverência aos traficantes Lacoste e Coelhão, alvos da operação desta terça-feira

Dias antes de ser executada, Eweline Passos Rodrigues, a Diaba Loira, usou as redes sociais para denunciar a tentativa de expansão de Doca, chefe do Comando Vermelho, sobre áreas do Terceiro Comando Puro. Nos vídeos publicados no TikTok, a traficante, que havia trocado o CV pelo TCP, criticava Doca e seus aliados por tentar cooptar integrantes da facção e os desafiava, dizendo que “dessa vez eu que dei o check-mate”. A tatuagem nas costas — com um coelho, um jacaré e a sigla do TCP — reforçava sua nova aliança e a resistência contra os antigos comparsas. Nesta terça-feira, a Polícia Civil e Militar deflagraram uma operação nas comunidades da Serrinha, Juramento, Fubá e Campinho, na tentativa de conter a expansão do CV para a Zona Oeste. O tiroteio intenso deixou feridos: um sargento do Bope foi atingido na perna esquerda, e um taxista de 49 anos, próximo ao Carioca Shopping, sofreu ferimento por bala perdida e foi levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas em estado estável. Três pessoas foram presas, um fuzil e drogas foram apreendidos, e policiais também destruíram 18 seteiras — estruturas usadas pelos criminosos para dar tiros precisos. Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Capital (DRE-Cap), os confrontos envolvem Edgar Alves Andrade, o Doca, apontado pela Polícia Civil como um dos chefes do CV, contra Wallace de Brito Trindade, o Lacoste, e William Yvens da Silva, o Coelhão, do Terceiro Comando Puro (TCP). A DRE-Cap descreve o cenário como uma verdadeira guerra urbana, marcada pelo uso de armamento pesado, granadas e munição traçante. À esquerda, Wallace de Brito Trindade, o Lacoste. À direita, William Yvens da Silva, o Coelhão. Os dois integram ao Terceiro Comando Puro (TCP) Reprodução/ Portal dos Procurados A disputa territorial levou ao fechamento de 20 escolas municipais e unidades de saúde nas regiões afetadas, além de reflexos no Complexo da Penha. A Operação Contenção, que já resultou em mais de 40 presos, sete mortos e 11 adolescentes apreendidos, visa desarticular as estruturas financeira, logística e operacional do CV na Zona Oeste. Em vídeos publicados no TikTok, Diaba Loira desafiava Doca diretamente e dispara que ele estaria tentando comprar um integrante do TCP identificado apenas como “Cocão”: "Não vai arrumar nadinha, mas pô, para quem tenta comprar até o governo, né? É foda. Qual é Oruam? Tá chato já. Tá querendo comprar o cara. Pera lá. Vocês já estão tentando comprar até o governo", disse Diaba Loira, num vídeo publicado na rede social Tik Tok, 24 dias antes de ser executada. Antes de passar a integrar o TCP, Diaba Loira, que coleciona 92 mil seguidores nas redes sociais, era ligada ao CV. Em tom desafiador, ela conclui a mensagem falando para o traficante ficar ligado: "Se liga, Doca. Para de querer tudo para tu, parceiro. E outra, aceita. Dessa vez tu perdeu, tá ligado? Dessa vez eu que dei o check-mate, bebê. É isso, três fortão, tropa", concluiu. Nas costas, Diaba Loira ostentava uma tatuagem que reforçava esse posicionamento: no desenho, uma mulher segura um fuzil, faz o número três — em referência ao TCP — e há imagens de um coelho e de um jacaré, símbolos ligados à Tropa do Coelhão, grupo liderado por William Yvens Silva, do TCP, no Complexo da Serrinha. Dias antes de ser executada, Diaba Loira mandou recado a Oruam e a Doca Quem é Doca? Edgar Alves Andrade, o Doca, é apontado pela Polícia Civil como um dos integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), com atuação no Complexo Penha, na Zona Norte do Rio. Ele é investigado por mais de 100 homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores. Em outubro de 2023, Doca foi apontado como o mandante da execução de três médicos e da tentativa de homicídio de uma quarta vítima na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As vítimas participavam de um congresso de medicina e foram confundidas com milicianos de Rio das Pedras.