Lula cobra ministros por ofensiva em CPI do INSS para tentar reduzir desgastes ao governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou em reunião nesta terça-feira que os ministros partam para a ofensiva na CPI do INSS, que já começou com derrotas para o governo com a definição de oposicionistas para a presidência e relatoria da comissão. Reunião: Governo lança novo slogan a um ano da eleição, e Lula cobra ministros a defenderem gestão Estratégia: Planalto pede para ministros ampliarem presença nos estados e compararem suas entregas com as de Bolsonaro Segundo interlocutores, no final da reunião ministerial, Lula se dirigiu ao ministro da Previdência, Wolney Queiroz, dizendo para ele não ter medo nem ficar só na defensiva e partir para o confronto. Wolney foi um dos convocados para prestar esclarecimentos na comissão. O presidente pontuou, segundo relatos, que a CPI trará também a oportunidade para investigar os fatos e esclarecer a participação de todos os envolvidos na fraude contra os aposentados. A estratégia do Executivo é enfatizar que os descontos indevidos dos aposentados a favor de associações e entidades sindicais cresceram na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e que o esquema foi desmascarado pelo atual governo, no final de abril. Outro ponto a ser destacado é que os prejudicados já foram na maioria indenizados pelo INSS. Do total de 2,548 milhões de beneficiários aptos a aderir ao plano de ressarcimento do governo, 1,925 milhão já foram reembolsados. Acordo com a oposição Na sessão da CPI desta terça, governistas construíram um acordo com a oposição que deve blindar Frei Chico, irmão de Lula, de uma convocação em troca de estender o escopo de investigação da comissão para o período que abrange o governo de Dilma Rousseff. O governo também conseguiu eleger um aliado para a vice-presidência, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA). O plano de trabalho proposto pelo comando do colegiado, que é de oposição, prevê que a linha do tempo da apuração comece em 2015, durante a gestão Dilma. Governistas resistiam à ideia, que foi aceita com uma condição: a votação de requerimentos em bloco na comissão só vai acontecer se houver consenso sobre todos os nomes analisados. Com isso, a base avalia que vai evitar que o nome de Frei Chico apareça ao lado de outros alvos, o que faria com que uma possível convocação tivesse que ser submetida individualmente aos parlamentares, o que aumenta a margem de articulação do governo para derrotar o pleito. — Enquanto nós não tivermos certeza de que houve participação, não faremos convocações. Especialmente no âmbito político. Não há previsão de que esse senhor [Frei Chico], ou outros ligados ao governo anterior, seja convidado sem as devidas provas — afirmou o presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após a sessão. Outros pontos da reunião Em reunião ministerial nesta terça, o ministro Sidônio Palmeira, da Comunicação Social, anunciou o novo slogan do governo, que será "Governo do Brasil / do lado do povo brasileiro", em substituição ao lema "União e Reconstrução", adotado desde o início do terceiro mandato de Lula. O novo mote começará a ser adotado nos próximos dias. Na reunião, Lula voltou a pedir empenho dos ministros para defender o governo publicamente e disse que todos os ministros devem estar a par das entregas do governo como um todo, e não apenas de suas áreas. Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu aos colegas de Esplanada que "ampliem a presença" nos estados e que façam mais comparações entre suas entregas e as do governo anterior, de Jair Bolsonaro.