Itamaraty desvia de declarações do ministro da Defesa de Israel

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) respondeu ao ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “antissemita declarado” , “apoiador do Hamas” e associou o petista ao Irã nesta terça-feira, 26. Em nota, o Itamaraty desvia das acusações do ex-chanceler israelense e critica a ofensiva em Gaza. A chancelaria brasileira diz que Katz “voltou a proferir ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis" contra o Brasil e Lula. A nota exige que o ministro israelense assuma responsabilidade e apure o ataque ocorrido nesta segunda-feira, 25, contra o hospital Nasser, em Gaza. + Leia mais notícias de Política em Oeste O bombardeio israelense "provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários", diz a nota do Itamaraty. As Forças de Defesa de Israel, entretanto, confirmaram que seis entre os mortos eram terroristas do Hamas, um deles participante do ataque a Israel de 7 de outubro de 2023. O Ministro da Defesa e ex-chanceler israelense, Israel Katz, voltou a proferir ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o Presidente Lula. — Itamaraty Brasil (@ItamaratyGovBr) August 26, 2025 A nota do Itamaraty diz também que as ações militares israelenses na Faixa de Gaza "já resultaram na morte de 62.744 palestinos, dos quais um terço são mulheres e crianças, e em uma política de fome como arma de guerra imposta à população palestina". Os dados mencionados pela diplomacia brasileira foram divulgados pelo Ministério da Saúde palestino, que é controlado pelo Hamas. O MRE cita a investigação de Israel na Corte Internacional de Justiça por possível violação da Convenção de Genocídio. "Como Ministro da Defesa, o senhor Katz não pode se eximir de sua responsabilidade, cabendo-lhe assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos." A nota, entretanto, não comenta a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto ou as ligações do governo brasileiro com o Irã. Os dois tópicos foram explicitamente criticados por Katz. An initial inquiry regarding the strike on the observation camera at the Nasser Hospital in Khan Yunis, which occurred yesterday (Monday), August 25th, 2025, was presented to the Chief of the General Staff, LTG Eyal Zamir, by the Commander of the Southern Command, MG Yaniv Asor,… pic.twitter.com/CEf7fmaB2r — Israel Defense Forces (@IDF) August 26, 2025 Governo Lula acumula histórico de críticas a Israel Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, depois do ataque terrorista de outubro de 2023, que matou cerca de 1,2 mil pessoas e levou 200 reféns, o governo Lula adotou postura de firme oposição a Israel. O presidente criticou classificou a resposta militar israelense como “insana” e como “genocídio”. Em fevereiro de 2024, durante uma coletiva em Adis Abeba, na Etiópia, Lula comparou o que ocorre em Gaza ao Holocausto nazista. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus.” O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu condenou a declaração. Israel Katz, então ministro das Relações Exteriores, chegou a declarar Lula persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Israel para uma reprimenda pública. Já o Hamas chegou a elogiar a fala de Lula, a qual considerou uma “descrição precisa” da situação enfrentada pelo povo palestino. Israel Katz considera que Irã está por trás de todos os grupos terroristas que atacam Israel | Foto: Reprodução/Redes sociais Diante da crise diplomática, o Brasil dobrou a aposta. A pasta chefiada por Mauro Vieira retirou seu embaixador em Israel, Frederico Meyer, e convocou o embaixador israelense para prestar explicações, em ato considerado um “rebaixamento diplomático”. Além das declarações explícitas, Lula e integrantes de seu governo também já manifestaram apoio à militância pró-Palestina. Em agosto do ano passado, durante uma visita a Santa Catarina, o petista vestiu o lenço palestino chamado keffiyeh , que trazia a frase "Jerusalém é nossa. Nós estamos chegando", em árabe. O post Itamaraty desvia de declarações do ministro da Defesa de Israel apareceu primeiro em Revista Oeste .