Por Larissa Barros Dois estudantes do 2º ano do ensino médio de uma escola pública do Distrito Federal planejavam um massacre contra colegas e professores. O ataque estava marcado para o dia 20 de setembro, mas foi descoberto a tempo pela direção pedagógica, que acionou a Polícia Civil do DF (PCDF). O caso agora é investigado. Segundo a PCDF, no dia 25, a Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV) cumpriu mandados de busca nas residências dos menores, onde foram apreendidos materiais relacionados ao extremismo violento, como apologia ao nazismo, racismo, planos de ataque às escolas, além de celulares e computadores. Um dos adolescentes já se encontra em tratamento psiquiátrico. O outro foi encaminhado à DCA II para as providências cabíveis. Os aparelhos apreendidos serão submetidos à perícia, e a investigação prossegue com o objetivo de identificar possíveis conexões com grupos e prevenir novos riscos. Em vídeos que circulam nas redes sociais, os adolescentes faziam apologia ao nazismo e propagavam discursos de ódio contra negros e a comunidade LGBTQIAPN+. Frases como “Talvez o que aconteça seja culpa de vocês. Somos os revolucionários, somos os nazistas ‘pá’”, “A gente quer comprar armas no mercado negro, mas não sabemos ainda como entrar nesse meio” e “Heil, Hitler! Morte aos judeus” foram registradas. Em outros materiais, aparecem desenhos de suásticas, de Hitler em cadernos, além de símbolos neonazistas pintados em espaços públicos e em objetos pessoais. O chamado “dia zero” estava sendo articulado para ocorrer entre o fim de 2024 e junho de 2025. No vídeo, um deles relata que a data inicial não daria certo porque as armas ainda não estavam prontas. Um dos adolescentes propõe que o ataque fosse feito em seu aniversário, afirmando: “O presente vai ser atirar, matar gente”. O colega responde: “Vou virar maior de idade, aí já posso ir preso”. O plano incluía abrir fogo contra colegas, principalmente negros e mulheres. Descoberta O conteúdo foi identificado após os jovens manterem contato em uma comunidade virtual sobre crimes reais. Nesse espaço, fizeram amizade com uma jovem argentina que, inicialmente, não compreendia o português. Com o tempo, ao entender a gravidade dos vídeos, ela conseguiu baixar os arquivos, que estavam em um site criado pelos adolescentes, e enviou o material a pessoas próximas. Após receber alertas, a PCDF iniciou monitoramento de redes sociais e investigação aprofundada, concluindo inicialmente que não havia risco iminente, já que a mãe de um dos adolescentes havia descoberto e repreendido o filho. Posicionamento da Secretaria de Educação A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que, ao tomar conhecimento do caso, adotou imediatamente todas as medidas cabíveis, encaminhando o caso à Polícia Civil, que já investiga os fatos. A pasta afirmou que acionou a Diretoria de Apoio à Saúde dos Estudantes (Diase), que prestará assistência aos envolvidos e oferecerá suporte às escolas afetadas. A secretária ressaltou ainda que não divulgará informações adicionais sobre as escolas e os estudantes para preservar a identidade dos menores. Recomendações e sigilo legal A DPCEV orienta os pais e responsáveis a acompanharem os conteúdos acessados pelos filhos na internet e reforça que permanece à disposição para recebimento de alertas e denúncias. A identidade dos adolescentes não será revelada em virtude do sigilo imposto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990). A Região Administrativa também não foi divulgada para evitar pânico na comunidade escolar.