O deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI que investigará fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), afirmou em entrevista que ainda não é o momento adequado para decidir sobre a convocação de Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O sindicalista é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindinapi). “Acho muito interessante que todas as pessoas que sejam de interesse à investigação possam prestar depoimento, mas não acho que é o momento adequado de antecipar essas convocações”, declarou Gaspar ao portal Metrópoles nesta segunda-feira, 25. Segundo ele, a prioridade inicial será ouvir ex-ministros da Previdência e ex-presidentes do INSS, de diferentes governos, para obter um panorama histórico. + Leia mais notícias de Política em Oeste O parlamentar destacou que o plano de trabalho da comissão está dividido em seis eixos, do levantamento do modus operandi das organizações criminosas até a formulação de mecanismos de prevenção legislativa. Entre as etapas centrais, mencionou o rastreamento dos recursos desviados. “O aposentado está passando fome em casa com sacrifício, mas tem alguém que botou o dinheiro no bolso, morando numa cobertura luxuosa , com aeronaves, com barcos, com propriedade no exterior", disse. "Temos que percorrer o caminho desse dinheiro.” Ex-procurador-geral de Justiça de Alagoas, Gaspar afirmou que sua atuação será pautada pela técnica. “A investigação, para ser séria e respeitada, não pode ter lado nem escolhas partidárias, temos que ir em cima dos fatos e das provas”, declarou. Perguntado sobre críticas de parlamentares do PT que alegam falta de isenção, ele respondeu: “Muitas vezes as pessoas se olham no espelho e acusam os outros, tenho uma história de combate ao crime e nunca olhei cor partidária”. Convocação de aliado de Lula gera cautela na comissão O deputado também declarou ser necessária a devolução dos valores com correção monetária. “Temos que recompor essa fatia retirada do povo brasileiro e essa recomposição não é apenas devolver o dinheiro por devolver", afirmou. "Vamos ver qual é a modalidade que se possibilita dar a esse pessoal um aconchego.” Gaspar não descartou a quebra de sigilos bancário e fiscal durante as investigações, desde que fundamentada. “Não tem como você avançar hoje numa investigação com desvio de recursos de ordem bilionária sem termos esses dados importantíssimos", disse. "O que não dá é pra começar já com quebra de sigilo sem ter dados anteriores.” A escolha de Gaspar como relator e do senador Carlos Viana (Podemos-MG) como presidente da comissão surpreendeu o governo Lula. O deputado relatou que não participou das articulações políticas. “Fui escolhido por um grupo de parlamentares, me sinto honrado com isso e me sinto com a obrigação maior ainda de responder com firmeza, com decência e técnica aos anseios do povo brasileiro.” https://youtu.be/cl-yOr0PDJ0 A CPMI tem prazo inicial de 180 dias, prorrogável, e deve se estender até março de 2026. Perguntado se o caso pode ter reflexos eleitorais, o relator respondeu: “Acho que qualquer investigação pode sim ter um impacto em uma eleição", estimou. "O tamanho do impacto vai depender de quem se envolveu no roubo.” Ao final da entrevista, Gaspar resumiu sua missão: “Não podemos mais permitir que fatos criminosos dessa magnitude voltem a acontecer penalizando quem mais precisa", declarou. "Meu foco principal é a proteção dos aposentados e pensionistas.” Leia também: “Onde os idosos não têm vez” , artigo de Tiago Pavinatto publicado na Edição 267 da Revista Oeste O post Relator da CPMI do INSS adia decisão de convocar irmão de Lula apareceu primeiro em Revista Oeste .