Lula cita de Trump a Tarcísio, cobra equipe e dá tom eleitoral à reunião ministerial

A seus ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até quis manter o suspense e disse que, se sua saúde assim permitir, será candidato ao quarto mandato. À esta altura, porém, cai quem quer na cantilena. Do formato do encontro aos recados dados pelo presidente a portas fechadas, tudo na reunião ministerial desta terça-feira aponta para um Lula ávido por pavimentar seu caminho à reeleição. Se alguém ainda duvidava que 2026 já está entre nós, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi claro: todos deveriam, dali em diante, ampliar a presença nos estados e, sempre que possível, comparar o que fazem com o que receberam do governo Jair Bolsonaro. O pedido segue à risca a orientação formulada pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, que comandou a campanha de Lula em 2022 e, desde o início deste ano, ocupa a Secretaria de Comunicação da Presidência. Para que ninguém argumentasse à frente não saber o que dizer, Costa apresentou uma espécie de roteiro de como defender a atual gestão, pinçando dados positivos como o desemprego na mínima histórica e citando novas ações que serão lançadas em breve, caso do programa de reformas para moradias populares. Prisão domiciliar: Moraes determina que Polícia Penal do DF monitore Bolsonaro em tempo integral Disputa entre os poderes: Motta decide incluir ‘PEC da Blindagem’ e fim do foro na pauta da Câmara Diferentemente de outras reuniões com sua equipe, nas quais Lula evitou falar diretamente sobre adversários políticos, desta vez o presidente fez questão de citá-los um a um. Jair Bolsonaro não será candidato, cravou o petista, para em seguida enumerar os candidatos da “extrema-direita” que devem estar na corrida presidencial: os governadores Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Ratinho Júnior (PR) e Tarcísio de Freitas (SP). Sem firulas, Lula fez questão de dizer ao seu time que já vê o governador paulista na jogada. Difícil imaginar que um político experimentado como Lula o fez de forma acidental. Da lista dos postulantes a ficar com o espólio de Bolsonaro, Tarcísio é o único que não fez, até o momento, movimentos enfáticos nesta direção e segue negando a pretensão de trabalhar pela trilha presidencial. Ao incluí-lo na relação de presidenciáveis, Lula parece perseguir dois objetivos. De um lado, ajuda a colocar o governador paulista para se tornar vidraça desde já. De outro, avisa ao seu time para tratá-lo como o adversário que é. Ciente de que, daqui para frente, o jogo será bruto, o presidente cobrou fidelidade de quem ocupa cargo no primeiro escalão de seu governo. Em recado aos ministros do centrão, disse que, quem não se sentir confortável em defender sua gestão, tem a opção de sair. Lula não deixou de fora o tema que tem lhe rendido algum respiro nas pesquisas de aprovação e dedicou parte de sua fala final para criticar o presidente americano, Donald Trump. Para isso, resgatou um texto de Getúlio Vargas, no qual o ex-presidente falava sobre a tentativa de estrangeiros de se imiscuir em temas nacionais com a ajuda de brasileiros sem compromisso com o país. A ideia era mostrar que “o mundo gira para voltar ao mesmo lugar”, como traduziu um ministro presente, mas ajuda a entender a cabeça do mandatário que, em 2025, segue vendo o mundo sob as lentes do século passado. A seus ministros, disse estar "tranquilo" porque, na batalha contra o mais poderoso chefe de estado do mundo, o governo encontrou caminho certo de reação.