Em junho de 2014, a cidade costeira de Pafos, no Chipre, testemunhou o nascimento de um novo clube. O Pafos FC surgiu da fusão entre o AEK Kouklia e o AEP Pafos, duas equipes modestas que decidiram unir forças para criar um emblema capaz de competir entre os grandes do país. Onze anos depois, essa aposta se revelou histórica: o Pafos acaba de se tornar apenas o terceiro clube cipriota a disputar a Uera Champions League. O feito foi confirmado após uma eliminatória memorável contra o Estrela Vermelha, de Belgrado. No ambiente fervilhante da capital sérvia, os cipriotas — que contam com os portugueses Domingos Quina, Pêpê Rodrigues e Alexandre Brito, além de David Luiz — venceram surpreendentemente por 2 a 1. No jogo de volta, diante de seus torcedores em Limassol, um empate em 1 a 1 selou a classificação. Um triunfo simbólico para um clube que só na última temporada havia conquistado o primeiro título da principal liga do Chipre. Uma caminhada de altos e baixos A ascensão do Pafos não foi imediata. Logo na primeira temporada (2014/15), o clube conseguiu subir à elite nacional, mas foi rebaixado na estreia. O retorno aconteceu em 2016/17, justamente o ano em que o empresário Roman Dubov, húngaro radicado na Inglaterra com experiência no Portsmouth e no Reading, assumiu o controle do clube. A chegada de Dubov inaugurou uma nova era. Ele investiu na academia, modernizou as estruturas e, em 2020, concluiu uma profunda remodelação do centro de treinos. Pelo caminho, o Pafos atraiu jogadores de nome, como o eslovaco Adam Nemec, autor de 17 gols em 42 partidas entre 2018 e 2020. A paixão dos torcedores, no entanto, só explodiu recentemente. Em 2024, o clube conquistou a Taça do Chipre, garantindo presença inédita na Conference League, onde chegou até as oitavas de final. O sucesso europeu impulsionou a campanha que terminou com a conquista do campeonato nacional em 2024/25, celebrada em um estádio Stelios Kyriakides lotado. Uma cidade pequena no mapa europeu Com cerca de 40 mil habitantes, Pafos é conhecida como destino turístico à beira-mar e guardiã de monumentos históricos reconhecidos pela Unesco. O futebol nunca foi a principal paixão local, mas o recente sucesso transformou o clube em símbolo regional. Curiosamente, para os jogos europeus, o Pafos não pôde atuar em seu próprio estádio, que não atende aos requisitos da Uefa. Foi em Limassol que recebeu Maccabi Tel Aviv, Dynamo Kiev e Estrela Vermelha, desafiando prognósticos que previam sua eliminação. O técnico do milagre No comando, o espanhol Juan Carlos Carcedo é considerado o grande obreiro dessa ascensão. Ex-auxiliar de Unai Emery em clubes como PSG, Valência, Spartak Moscou, Sevilha e Arsenal, conquistou três vezes a Liga Europa como adjunto do Sevilla. Antes de chegar ao Chipre, treinou Ibiza e Zaragoza. Sob sua liderança, o Pafos adotou uma mentalidade inédita no país, capaz de rivalizar com clubes mais tradicionais. A vaga na Champions coloca a equipe ao lado de Anorthosis Famagusta (2008/09) e APOEL, presença regular no torneio entre 2009 e 2018.