LUANY GALDEANO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) O ministro do STF Gilmar Mendes defendeu o ministro Alexandre de Moraes em meio às sanções aplicadas pela lei Magnistky. Em evento nesta quarta (27), Gilmar criticou as tentativas de intervenção dos Estados Unidos na Justiça brasileira e afirmou que a história fará justiça a Moraes. "Apoio o ministro Alexandre de maneira inquestionável. O Brasil deve muito a ele e sou plenamente solidário. Se nós estamos aqui hoje em um ambiente democrático, devemos muito ao ministro Alexandre, e eu sei que a história vai lhe fazer justiça", afirmou Gilmar em evento do grupo empresarial Lide, do ex-governador de São Paulo João Doria, em Brasília. Gilmar criticou ainda a pressão que o governo americano tenta exercer sobre o Brasil com as sobretaxas de 50%, anunciadas em julho. A gestão de Donald Trump anunciou as tarifas como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em processo do STF por tentativa de golpe de Estado. Trump chamou o processo de caça às bruxas e disse que Bolsonaro sofre perseguição da Justiça brasileira. Além das tarifas, o governo americano sancionou o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnistky. Pela lei, Moraes tem entrada proibida nos Estados Unidos e não poderá manter atividades econômicas com empresas americanas, o que inclui bandeiras de cartão de crédito. Também serão punidas instituições que, tendo negócios nos EUA, mantenham relações com o ministro. "É evidente que negociações comerciais podem se fazer e se fazem a toda hora. Agora, tentar envolver o papel institucional do país e a independência do judiciário seria impróprio, assim como seria se nós, por exemplo, exigíssemos nas negociações que fossem reveladas as pessoas que estão no chamado Epstein Files [lista de envolvidos em caso de exploração sexual do bilionário Jeffrey Epstein]. Não faz sentido algum." Na última segunda-feira (25), o ministro Gilmar Mendes negou ter tido conversas recentes com Bolsonaro. Gilmar foi sido citado em mensagens entre o ex-presidente e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em relatório divulgado na última semana pela Polícia Federal pedindo indiciamento da dupla por obstruírem o julgamento da trama golpista. Nas mensagens, Jair Bolsonaro afirmou que estava em conversas com ministros do STF e pediu para Eduardo poupar Gilmar de ataques. Em evento em São Paulo na segunda, o ministro disse que é procurado por integrantes de todos os lados da política por ser interlocutor. O julgamento de Bolsonaro com outros réus do núcleo central da trama golpista está marcado para começar em 2 de setembro. O ex-presidente é réu pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado. Gilmar Mendes não faz parte da Primeira Turma, formada por cinco magistrados do STF, que participarão do julgamento. No início do mês, parte dos integrantes da Corte, inclusive os que não integram a Primeira Turma, foram contra a decisão do ministro de Alexandre de Moraes de decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro, como revelou a Folha.