O novo perfil do líder de Recursos Humanos no Brasil

O mercado de trabalho brasileiro vive uma revolução silenciosa. Se antes o líder de Recursos Humanos (RH) era visto como um gestor operacional, hoje ele se tornou peça-chave na estratégia corporativa. A pesquisa publicada pelo Valor Econômico em 21 de agosto de 2025, com base nos perfis dos diretores de RH das 500 maiores empresas do país, revela mudanças profundas nas competências e trajetórias desses profissionais. Mais do que números, o estudo lança luz sobre uma nova dinâmica do capital humano: a diversidade de gênero, a busca por formações múltiplas, o impacto da mobilidade de carreira e o papel crescente da educação contínua no desenvolvimento desses líderes. Um dos dados mais surpreendentes é que 59% dos cargos de liderança em RH no Brasil são ocupados por mulheres. Essa predominância, longe de ser acidental, aponta para uma tendência histórica de estabilidade e consolidação do protagonismo feminino na área. Trata-se de um avanço sociocultural relevante, especialmente quando comparado a setores como finanças, tecnologia e operações, ainda majoritariamente masculinos. Quando se observa a formação acadêmica, dois pilares se destacam: Administração e Psicologia. Entre os homens, 45% são formados em Administração, com forte ligação a negócios e finanças. Já entre as mulheres, 34% cursaram Psicologia, trazendo uma abordagem voltada para comportamento humano, cultura organizacional e desenvolvimento de talentos. Mas o ponto central vai além da graduação: 87% dos líderes possuem pós-graduação e 56% concluíram uma segunda graduação. Além disso, quase metade buscou especializações em gestão estratégica, como MBAs e cursos avançados em liderança, finanças e transformação digital. Essa combinação de base técnica sólida e educação contínua evidencia que o futuro do RH exige profissionais multidisciplinares, capazes de traduzir dados em estratégias humanas e transformar cultura organizacional em resultados concretos. Outro aspecto relevante está no tempo de carreira até a liderança: Tempo médio total: 27 anos Tempo médio para alcançar cargos de liderança: 17,2 anos Tempo médio na empresa atual: 8,8 anos Chama atenção ainda o fato de que 65% dos CHROs (Chief Human Resources Officers) foram contratados externamente. Entre essas contratações, 75% ocorreram nos últimos três anos e tiveram mulheres como protagonistas. O dado reforça o movimento das empresas em direção à renovação, diversidade e novas perspectivas. A pesquisa também mostra que profissionais com longas permanências em uma mesma empresa levam, em média, um ano a mais para chegar ao topo. Isso sugere que a mobilidade de carreira — seja entre empresas, setores ou funções — tornou-se um fator competitivo para acelerar o crescimento. Outro achado relevante é que 70% dos líderes de RH são “nativos da área”, com quase toda a trajetória construída dentro do setor. Já os 30% restantes vieram de áreas como Comercial (30%) e Operações (13%), trazendo experiências diversificadas e ampliando a visão estratégica de pessoas. Esse equilíbrio entre especialistas e profissionais vindos de outras áreas indica uma tendência de liderança híbrida, que alia profundidade técnica e visão de negócios. O estudo também reforça que o papel do líder de RH está em plena transformação. Hoje, é preciso conduzir mudanças culturais, inspirar equipes e atuar em contextos complexos. Entre as competências mais valorizadas estão: Empatia e escuta ativa : construir conexões humanas genuínas. Visão estratégica : alinhar pessoas, cultura e negócio. Comunicação eficaz : inspirar, motivar e reduzir conflitos. Flexibilidade e adaptabilidade : lidar com transformações constantes. Orientação para resultados : integrar tecnologia, dados e análise para decisões mais assertivas. A análise publicada pelo Valor Econômico não deixa dúvidas: o RH deixou os bastidores e assumiu o centro do palco. O perfil dos líderes que comandam as maiores empresas do Brasil une diversidade, sólida formação acadêmica, visão estratégica e foco no desenvolvimento humano. Com múltiplas formações e busca incessante por atualização, o novo líder de RH se tornou protagonista na construção da cultura organizacional e peça fundamental na definição dos rumos corporativos. Para os profissionais da área, a mensagem é clara: chegar ao topo exige preparo, mobilidade, especialização e visão ampla de negócios. Para as empresas, a lição é ainda mais estratégica: investir em líderes de RH é investir no futuro da organização. Até a próxima…