Chanceler sul-africano diz que tratamento preferencial a africâneres nos EUA é ‘apartheid’

O ministro das Relações Exteriores da África do Sul chamou de "apartheid 2.0" o tratamento preferencial que Washington deu aos cidadãos sul-africanos brancos para que se instalem nos Estados Unidos. Um grupo de africâneres, descendentes dos primeiros colonos europeus da África do Sul, recebeu em maio o status de refugiados do governo Donald Trump, que alegou serem vítimas de discriminação e "genocídio" em seu país, uma acusação que Pretória nega categoricamente. "O programa de refugiados é um tratamento preferencial para os africâneres na África do Sul para que vão aos Estados Unidos", disse o ministro Ronald Lamola em uma coletiva de imprensa. "E como sabem, com nossa história (...) o tratamento preferencial para um grupo privilegiado específico, os africâneres, que não estão fugindo de nenhum genocídio neste país, é definitivamente um apartheid 2.0", acrescentou. Quando Trump chegou ao poder em janeiro, interrompeu praticamente todas as chegadas de refugiados, mas abriu uma exceção para esses cidadãos brancos que são minoria em seu país, mas desfrutam de um padrão de vida mais alto que a maioria negra, são proprietários de dois terços das terras cultiváveis e têm uma renda quase três vezes maior que o restante da população. Os Estados Unidos trabalham ativamente para levar mais africâneres ao país e, segundo informações da imprensa, solicitaram vistos para cerca de 30 funcionários de uma ONG cristã do Quênia para que fossem à África do Sul acelerar os pedidos de refúgio. Lamola, no entanto, afirmou que o governo sul-africano não é obrigado a ajudar os EUA nessa tarefa. "Não há obrigação, nenhum dever, por parte do governo sul-africano de ajudar o governo dos Estados Unidos com este programa de refugiados", disse. Governos liderados por africâneres impuseram o Apartheid (regime de segregação racial) na África do Sul a partir de 1948 para negar direitos políticos e econômicos à maioria negra da África do Sul, até que o sistema foi eliminado nas primeiras eleições multirraciais em 1994. © Agence France-Presse