JM1 estreia série “Entre Pausas” sobre perimenopausa e pré-andropausa As transformações hormonais que antecedem a menopausa e a andropausa fazem parte do processo natural de envelhecimento, mas ainda são cercadas de tabus, silêncio e desinformação. Os sinais muitas vezes são ignorados ou confundidos com estresse, cansaço ou até depressão, o que dificulta o diagnóstico e agrava o sofrimento de quem passa por essa fase, especialmente das mulheres, que costumam sentir os impactos com mais intensidade. No corpo feminino, a queda dos hormônios estrogênio e progesterona marca o início da menopausa. Já entre os homens, é a redução gradual da testosterona que sinaliza a chegada da andropausa, geralmente uma década depois. Embora o processo seja inevitável, os efeitos podem variar bastante. Enquanto algumas pessoas passam por esse período de forma quase imperceptível, outras enfrentam sintomas profundos que afetam a saúde física, emocional e até os relacionamentos. Para a médica ginecologista Renata Bógea, os sintomas podem se manifestar de formas muito diferentes. “Existem casos em que a pessoa passa por essa fase de forma assintomática. Outras enfrentam sintomas intensos, como tristeza profunda, perda da libido, fadiga, alterações no sono, depressão e até problemas nos relacionamentos”, afirma. A empresária Flávia, de 52 anos, passou por essa transformação sem saber exatamente o que estava acontecendo. Reprodução/ TV Mirante A empresária Flávia, de 52 anos, passou por essa transformação sem saber exatamente o que estava acontecendo. Aos 49, ela começou a se sentir constantemente cansada, sem disposição e desmotivada. Os reflexos também chegaram ao casamento. “Eu não tinha vontade de fazer nada. Estava cabisbaixa, sem energia e sem libido. Só depois de procurar ajuda médica, entendi que estava na menopausa”, relata. O diagnóstico veio com um misto de alívio e surpresa. A partir daí, Flávia começou a se informar sobre o tema, buscou tratamento e passou a conversar mais com o marido sobre o que estava sentindo. “Ele também não entendia. Chegamos a quase desistir um do outro, porque não sabíamos o que estava acontecendo. Mas quando começamos a estudar juntos sobre o assunto, tudo mudou”, conta. LEIA TAMBÉM: Menopausa precoce: parar de menstruar antes dos 40 anos é normal? Veja sintomas e consequências dessa condição Andropausa: saiba quais são os sintomas, as causas e o tratamento Wecsley Medrado, marido de Flávia, admite que no começo foi difícil entender. “A Flávia sempre mandava algo sobre o assunto para eu entender melhor o que ela sentia. Aí comecei a pesquisar também e passamos a enfrentar isso juntos”, diz. Flávia faz reposição hormonal e afirma que a mudança foi positiva em todos os sentidos. “Meu corpo, minha mente, minha vida… tudo mudou. Parece que voltamos a ser dois adolescentes. Hoje, nos entendemos muito mais”, afirma. E nos homens, como a andropausa se manifesta? Entre os homens, a andropausa costuma chegar de forma mais lenta e silenciosa, o que muitas vezes dificulta o reconhecimento dos sintomas. Reprodução/ TV Mirante Entre os homens, a andropausa costuma chegar de forma mais lenta e silenciosa, o que muitas vezes dificulta o reconhecimento dos sintomas. Segundo a endocrinologista Lays Dallacqua, a queda da testosterona pode começar a ser notada por volta dos 60 anos, mas maus hábitos de vida, como sedentarismo, alimentação inadequada e estresse, podem antecipar esse processo. “Costumo dizer que a andropausa é mais generosa que a menopausa, mas ela também afeta a disposição, o humor, o desempenho sexual e até a saúde óssea e muscular”, explica a médica. “A reposição hormonal, quando bem indicada e acompanhada por um profissional, é uma aliada importante para restaurar a qualidade de vida.” A especialista também alerta que não existe uma idade exata para o início das mudanças hormonais. “Algumas mulheres percebem os primeiros sinais já aos 37 anos. E muitos tentam negar, achando que ainda não é o momento. Mas o corpo fala e precisamos aprender a ouvir”, reforça. Mesmo sendo uma etapa natural da vida, a transição hormonal ainda é tratada com vergonha, medo e falta de diálogo. Para Flávia, a informação e o apoio foram fundamentais. “Essa pausa no corpo não é o fim de nada. É, na verdade, um convite para a gente se reconectar com a gente mesma. Eu me redescobri, me apaixonei por mim e voltei a amar de verdade. Estamos vivendo como dois adolescentes de novo”, declara.